Briga

Acionistas da Usiminas têm novo round pelo comando

Nippon sugere que um indique o presidente da empresa e o outro defina a presidência do conselho

Qua, 18/01/17 - 02h00
Em litígio. Administração é feita de forma conjunta, mas desentendimento para escolha do comando gera a pior crise societária | Foto: Daniel Mansur/Divulgação 26.10.12

São Paulo. O litígio entre os acionistas majoritários da Usiminas tem novo round. A Nippon Steel quer que seja implementada uma regra de alternância de poder com a Ternium na empresa. A proposta seria de que uma das companhias indicasse o presidente executivo, ao passo que a outra apontasse o nome do presidente do conselho de administração. Depois de um prazo, que seria estabelecido, as companhias fariam suas indicações de forma alternada.

“Acreditamos que a principal desavença com a Ternium é sobre a falta de consenso na escolha desses dois cargos”, disse o presidente da Nippon Steel no Brasil, Hironobu Nose, em coletiva de imprensa. Conforme o acordo de acionistas firmado entre as companhias, é necessário consenso na escolha do presidente executivo e do presidente do colegiado.

O executivo disse acreditar que essa será a melhor fórmula para que os controladores da Usiminas cheguem, finalmente, a um acordo. Para isso, abriria mão, por exemplo, de fazer a primeira indicação para a presidência e aceitaria Sergio Leite, vice-presidente Comercial da Usiminas, no posto. Nesse sentido, o atual presidente, Rômel de Souza, iria para a presidência do Conselho de Administração.

Segundo o executivo, não houve reunião formal entre as empresas, mas a Ternium teria recusado essa proposta. “Temos uma joint venture igualitária na Usiminas”, frisou. Nose disse que seguirá buscando negociar com a Ternium e que busca uma reunião formal.

Exatamente pela administração ser feita de forma conjunta, Nose afirmou que não vê problema em mudança na administração da Usiminas de forma periódica, tendo em vista a fragilidade financeira que vem atravessando a empresa.

A Ternium havia proposto no final do ano passado a inclusão de uma cláusula de saída, ou seja, em caso de desavença a empresa que pagasse mais pela fatia do outro faria a aquisição. Nose classificou essa proposta como uma “roleta russa”.

Segundo Nose, caso essa cláusula fosse ativada, a companhia compradora pagaria mais pelas ações do que seu valor de mercado, fazendo com que decisões de curto prazo na Usiminas fossem tomadas para recuperar o valor investido. “Isso poderia levar a um elevado pagamento de dividendos e sacrifício para a empresa no corte de custos”, disse. Ele comentou que as partes não estão conversando sobre encerrar a joint venture e que não há tratativas para uma divisão da Usiminas, com cada companhia ficando com parte dos ativos.

Caso a Ternium queira vender sua fatia da Usiminas, Nose disse que conversará com a companhia, mas que esse movimento trataria de uma venda simples de ações e não de uma cláusula de saída. Apesar disso, a Nippon acredita que há “ambiente” para a manutenção na parceria entre os grupos no Brasil, desde que sejam estabelecidas regras mais claras para a escolha desses cargos.

A Ternium disse que ainda está analisando o tema. A Usiminas disse que não comenta assuntos do âmbito de seus acionistas e “reafirma o compromisso da Diretoria Executiva de trabalhar com foco exclusivo na geração de resultados consistentemente positivos”. (Com Queila Ariadne)

Aço bruto. A produção brasileira no ano passado caiu 9,2% na relação anual para 30,212 milhões de toneladas, de acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr).


Raio X

Transformação do aço
Receita acumulada líquida:
R$ 1,3 bilhão em 2016

Capacidade de processamento: 2 milhões de toneladas de aço/ano

Unidades industriais: 8 em MG, SP, RG, ES, BA e PE

Usiminas Mecânica - Bens de capital
Receita Líquida acumulada:
R$ 462 milhões em 2016

Operações: Ipatinga e Congonhas(MG), e Cubatão (SP)

Setores de atuação: estruturas metálicas, naval e offshore, óleo e gás, montagens e equipamentos industriais, fundição e vagões ferroviários

Mineração
Localização: Serra Azul (MG) , com quatro jazidas

Reservas: 2,6 bilhões de toneladas de minério de ferro
 

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