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Aeródromo de Betim já atraiu R$ 60 mi em investimentos

Região recebeu 150 pedidos de licenciamento para abertura de empresas de todos os portes

Publicado em 02 de agosto de 2018 | 03:00

 
 
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O Aeródromo Inhotim, que está sendo construído em Betim, só deve ficar pronto no fim do ano que vem, mas já atraiu R$ 60 milhões em investimentos. “São vários setores, como farmacêutico, automotivo e aeroespacial, inclusive de outros países, como Alemanha e Itália”, destaca o gestor do fundo de investimentos do empreendimento, Márcio Cadar. Segundo o prefeito de Betim, Vittorio Medioli (Podemos), até agora foram licenciadas 44 empresas, e o interesse é crescente. “Temos uma fila de 150 pedidos de licenciamento para empresas de pequeno, médio e algumas de grande porte. Não posso adiantar os nomes, mas já fechamos com coreanos e chineses e temos três grupos indianos interessados em se instalar em Betim”, destaca o prefeito.

Na manhã desta quarta-feira (1), Medioli e Cadar participaram de um encontro com empresários do ramo imobiliário para apresentar os impactos do empreendimento. Inicialmente voltado para a aviação executiva e o transporte de cargas, o aeródromo receberá investimentos de R$ 160 milhões em sua construção. A prefeitura ajudou com o projeto, mas os recursos são totalmente da iniciativa privada. 

Para o vice-presidente de incorporadoras da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi), Daniel Katz, não há dúvidas sobre o desenvolvimento que o aeródromo levará para a região. “Quando se atrai indústria, empregos são gerados. Isso traz necessidade de mais moradias e vai acabar atingindo o setor imobiliário em diversos níveis, pois, dos trabalhadores do chão de fábrica aos diretores e presidentes de empresas, todos precisam de moradia. E hoje, com a questão da mobilidade urbana, morar perto é melhor”, avalia Katz.

De acordo com Cadar, além das indústrias, o desenvolvimento virá de outras formas. “A gama de serviços e negócios que um aeródromo traz para uma cidade é muito grande. A movimentação atrai investimentos, e, obviamente, há valorização imobiliária no entorno, pois haverá necessidade de existir restaurantes, hotéis e faculdades”, destaca. 

Construído em uma área de 2,8 milhões de metros quadrados, no Distrito Industrial do Bandeirinhas, a 4 km do centro de Betim, o Aeródromo Inhotim pode gerar até 21 mil empregos diretos e indiretos. Apesar de o foco ser aviação executiva e de cargas, o terminal também estará apto para transporte de passageiros. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já concedeu autorização para a construção da estrutura e, segundo os empreendedores, ela permitirá receber aeronaves do modelo Boeing 737, que comporta 180 passageiros, o que viabilizará voos comerciais de grande porte.

 

Prefeitura esclarecerá dúvidas do MP até o dia 6

A construção do Aeródromo Inhotim está temporariamente suspensa até que a prefeitura envie esclarecimentos ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) sobre o licenciamento, o que deve acontecer até o dia 6 de agosto. Segundo o prefeito Vittorio Medioli, não há motivos para preocupação, pois o processo obedeceu com rigor a todos os critérios legais, assim como às compensações ambientais, que determinam o plantio de três árvores a cada unidade suprimida. 

“O Ministério Público encaminhou uma recomendação pedindo informações, e todas as dúvidas serão respondidas nos próximos dias. Temos a certeza de que tudo foi feito dentro das regras legais. Acontece que temos um movimento político em Betim, e há uma perseguição constante a tudo que a prefeitura vem fazendo”, observa Medioli. Ele lembra que o MP acompanhou as audiências públicas que antecederam o licenciamento.

Segundo o MP, apenas a promotora Carolina Siqueira Mendonça, responsável pelo inquérito, pode comentar o caso. Ela está de férias e retornará no dia 6.

 

Fabricante de helicópteros pode se instalar na região

Minas Gerais pode ganhar mais uma fábrica de helicópteros, possivelmente na região metropolitana de Belo Horizonte, conforme o secretário de Estado de Turismo de Minas Gerais, Paulo Almada. Entre as cidades nessa região que estão sendo analisadas pela empresa norte-americana Enstrom Helicopter, estão Betim e Nova Lima.

O investimento inicial da empresa, segundo Almada, está na casa dos R$ 50 milhões, com geração de 120 postos de trabalho, entre diretos e indiretos. No período de cinco anos, as inversões podem chegar a R$ 250 milhões, com geração de 250 vagas de emprego. “É um investimento que será feito em três fases. A vantagem de Minas é a localização estratégica, pois está próxima dos principais mercados consumidores, como São Paulo e Brasília”, diz.

Ele conta que representantes da empresa já conversaram com membros do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi). O secretário frisa que a fábrica norte-americana (que também tem capital chinês) não compete diretamente com a Helibras, que tem planta em Itajubá, no Sul de Minas, no mercado desde 1980. “São faixas de equipamento distintos”, diz.

O prefeito de Betim, Vittorio Medioli, conta que a empresa Enstrom Helicopter procurou a prefeitura. Ele ressalta que a cidade está de “braços abertos” para receber investimentos, em especial os aeronáuticos. “Betim está com um aeródromo inserido numa área que prevê a instalação de indústrias aeronáuticas de médio e grande porte, especialmente para helicópteros”, diz. Ele ressalta que Betim é competitiva, pois possui infraestrutura adequada para os investidores. “Temos áreas, apoio para a viabilização do projeto e os incentivos permitidos em lei”, diz.

A Prefeitura de Nova Lima, uma das cidades que despertaram a atenção dos investidores da fábrica de helicópteros, por meio de nota, informou que ainda não foi procurada pela Enstrom Helicopter e que tem interesse em verificar a viabilidade de instalação da empresa. (Juliana Gontijo)

Raio X

Aeródromo Inhotim

Investimento: R$ 160 milhões, da iniciativa privada. Obra está em fase de terraplenagem. Previsão de término em 2019.

Pista: Com 1.800 m de extensão, será maior do que as de terminais como Congonhas (1.640 m) e Santos Dumont (1.323 m).

Empregos: 640 diretos e 21 mil indiretos.

Infraestrutura: 24 hangares, escola de pilotagem e centro de formação para mão de obra aeronáutica.