Selic

BC aumenta taxa básica de juros para 14,25% a.a., em 7ª alta seguida

Copom anunciou aumento de 0,5 ponto percentual pensando em colocar a inflação na meta (4,5%) já em 2016

Qua, 29/07/15 - 21h10

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros (Selic), de 13,75% ao ano para 14,25%. A decisão foi anunciada na noite desta quarta-feira (29).

Esta é a sétima elevação consecutiva dos juros básicos da economia. A atual taxa é a maior desde agosto de 2006, quando a Selic estava em 14,75% ao ano.

Em sua nota para divulgar a decisão, o Copom defendeu o aumento da Selic para conter a inflação: "Avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 14,25% a.a., sem viés.

O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso e Sidnei Corrêa Marques."

A maioria dos economistas do mercado financeiro ouvidos semanalmente na pesquisa Focus do Banco Central previa uma nova alta de 0,50 ponto percentual, mas uma queda para 14,25% no fim deste ano.

 
 

Objetivo é controle da inflação

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

A promessa do BC é entregar a inflação no centro da meta (4,5%), em 2016. Como as expectativas para o próximo ano ainda estão acima disso, o BC considera que precisa continuar elevando os juros. Na última sexta-feira (24), o diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, disse que, mesmo com alguns resultados positivos inegáveis, acontecimentos recentes mostram que existem novos riscos que podem influenciar o resultado da inflação em 2016. Para o diretor, isso pode afetar as expectativas de inflação no longo prazo.

Para o diretor, há sinais positivos da convergência da inflação para 4,5% no próximo ano, mostrando que o BC está no caminho certo. “No entanto, o progresso até agora na luta contra a inflação precisa ser equilibrado contra riscos recentes que ameaçam nosso objetivo central”, disse. O diretor acrescentou que o BC deve permanecer cauteloso no momento atual.

Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa um ano de recessão, com queda na produção e no consumo.

Entrevista polêmica

A poucas horas do anúncio da reunião do Copom, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmou na tarde desta quarta-feira que o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central (BC), Tony Volpon, merece ser demitido se não explicar o motivo de ter antecipado o voto na reunião do Comitê.

Ao jornal "Valor Econômico" na segunda-feira (27) e a um grupo de investidores na semana passada, o diretor do BC sinalizou que votaria pela elevação da taxa básica de juros da economia, a
Selic.

"É um absurdo um cara (o diretor do BC) que vaza como vai votar antes da reunião do Copom", disse Eunício, em entrevista por telefone.

Dizendo falar com o "sentimento de leigo", ele disse ter ficado em dúvida se essa nova postura de avisar o mercado sobre o que vai ocorrer é benéfica ou não para a instituição. Para o senador, contudo, essa posição pode influenciar as expectativas do mercado.

O líder do PMDB no Senado defendeu que Volpon seja ouvido pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa para explicar o que motiva um diretor do BC a adotar tal postura.

O Senado retoma os trabalhos na próxima semana. "Ele tem que me convencer com uma boa justificativa, não quero dar palavras açodadas ou dizer que ele merece ser demitido", disse Eunício. "Não sou eu que demitido diretor do BC, mas é ruim a posição dele", considerou.

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Com agências