Desvantagem

Black Friday: levantamento mostra encarecimento de produtos ao longo da semana

De acordo com pesquisa realizada por O TEMPO, alguns itens estão custando mais nesta sexta-feira do que na última segunda; maioria manteve preço

Por Rafaela Mansur
Publicado em 27 de novembro de 2020 | 17:41
 
 
Movimentação em Contagem nesta Black Friday Foto: Cristiane Mattos/ O Tempo

Quem deixou as compras para o dia oficial da Black Friday pode ter tido prejuízo ou, pelo menos, não ter visto tanta vantagem. Um levantamento realizado por O TEMPO mostra que alguns produtos estão mais caros nesta sexta-feira (27) do que na última segunda-feira. A maior parte dos itens teve o preço mantido ao longo da semana e alguns tiveram, de fato, o custo reduzido, a maioria com descontos modestos.

A pesquisa monitorou em lojas online o preço de 40 produtos, divididos em oito categorias, que estavam na lista dos mais vendidos em outubro, segundo o comparador de preços Zoom: celular, smart TV, cadeiras gamer e de escritório, robô aspirador, playstation 4, bicicleta, fritadeira elétrica e notebook.

De todos os itens avaliados, 15 mantiveram o preço, quatro estavam em falta e 14 estavam mais baratos ontem do que no início da semana. O maior desconto encontrado foi de 31,42%, em um aspirador robô, que passou de R$ 679,99 para R$ 499,99 em uma rede varejista.

Outros sete produtos estavam mais caros ontem do que na última segunda-feira. A maior alta foi de 15,32% e também foi identificada em um aspirador de pó robô, comercializado no marketplace de uma empresa de e-commerce. O item passou de R$ 398 para R$ 459.

Parte dos consumidores que foram às ruas ontem também ficou decepcionada com os descontos. A psicóloga Larissa Dias, que está de casamento marcado para a próxima semana, foi a diferentes estabelecimentos em Contagem, na região metropolitana, em busca de uma geladeira, mas não encontrou preços vantajosos. “Já é a segunda ou terceira loja que visito e, a princípio, não tem nada de Black Friday. Na internet os preços estão mais baratos”, disse.

Consumidores marcaram presença em peso no comércio de BH

Em Belo Horizonte, o atual momento crítico da pandemia de Covid-19 não impediu os consumidores de ir às compras. Algumas lojas do centro da capital ficaram lotadas pela manhã, com aglomeração de pessoas nas entradas e sem o distanciamento social indicado para a prevenção do coronavírus.

Apesar da estratégia adotada pela maioria das grandes redes de varejo e dos shoppings, de estender as promoções ao longo do mês para evitar aglomerações, antes mesmo da abertura das lojas, a movimentação de clientes já era alta nas ruas, e algumas filas chegaram a dobrar quarteirões. Enquanto a reportagem esteve no local, não havia agentes da prefeitura ou da Guarda Civil Municipal atuando na fiscalização.

A vendedora Amanda Aparecida Mudesto, 27, foi ao Shopping Oiapoque, no centro da cidade, e comprou presentes para as crianças, roupas e uma panela elétrica para ela. Ela disse que conseguiu fazer bons negócios. "Estava bem movimentado, acaba tendo aglomeração e muitas pessoas não têm consciência da necessidade de distanciamento, mas o pessoal do shopping procurava orientar. A gente fica receoso, mas tentou manter todos os cuidados", diz.

No Shopping Cidade, o movimento estava dentro do esperado e, de acordo com a gerente de marketing Carolina Vaz, a expectativa de crescimento de 45% das vendas em relação à mesma semana de outubro se mantém. O mall adquiriu um software que controla todas as portarias simultaneamente, de forma a garantir que o limite máximo de 4.176 pessoas no ambiente seja respeitado. "Se for o caso, a gente precisa fechar alguma portaria para esse fluxo dissipar, mas, por enquanto, está sob controle. A gente criou a black week (semana de ofertas) justamente para não gerar aglomeração", conta.

Na avaliação do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, o saldo geral da Black Friday é positivo. "Nós tínhamos solicitado à prefeitura a ampliação do horário de funcionamento do comércio. Se as lojas tivessem aberto às 8h, não teria havido fila", diz, referindo-se ao pedido para que os estabelecimentos funcionassem das 8h às 20h, em vez do horário atual das 10h às 19h. "O que vimos foram as lojas todas exigindo máscara, medindo temperatura, controlando a entrada de pessoas. O saldo é bem positivo, essa movimentação é muito importante. Fizemos uma enquete com associados, e a maioria comprovou que houve aumento de procura e de vendas", afirma.

Comércio vai funcionar no domingo

A alta movimentação no comércio ocorreu dois dias depois de o prefeito Alexandre Kalil (PSD) dar um ultimato em relação ao funcionamento das atividades econômicas na capital. Kalil disse que, se os indicadores epidemiológicos da Covid-19 seguirem piorando, a cidade pode ser novamente fechada. Para que as pessoas tenham mais opções de dias para ir às compras, a prefeitura autorizou o comércio a abrir as portas no próximo domingo (29).

A reportagem solicitou à Prefeitura de Belo Horizonte um balanço das ações de fiscalização, multas e interdições aplicadas ontem no comércio, mas, segundo o município, esses dados ainda não haviam sido consolidados.