O varejo em Belo Horizonte já customizou a Black Friday e desenvolveu uma promoção com cara própria, com vários dias, apelidada de Black Week e com descontos menores, porém, mais realistas.
Segundo o vice-diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) Marco Antônio Gaspar, os descontos nas lojas físicas devem ficar, na média, entre 30% e 50%. “O lojista não consegue dar desconto em vários produtos de 70% porque a carga de impostos é alta. Incluindo a substituição tributária, que pagamos adiantado, chega a 40% do valor do produto. Então falar que vai dar 70% de desconto, o lojista teria que pagar para vender”, explica Gaspar.
Mas ele pondera que o mercado está mais adaptado à data. “Não existe mais essa coisa de black fraude porque o lojista sabe que o consumidor pesquisa e não aceita mais desconto fictício”, explica. A gerente de marketing do Diamond Mall, Flávia Louzada, confirma. “A data se consolidou quando adquiriu credibilidade, há uns dois”, diz. “O lojista percebeu que tinha procura, que o consumidor queria a promoção, mas que fosse de verdade”, completa Carolina Vaz, gerente de marketing do Shopping Cidade.
A fábrica de móveis Líder Interiores é um exemplo desse entendimento. “Selecionamos 40 itens da nossa linha e produzimos para a black friday. Negociamos matéria-prima, diminuímos custos e conseguimos, nesses itens, diminuir o preço em 50%”, explica o gerente de marketing da loja, Tiago Nogueira. Segundo gerente, 90% dos produtos em promoção estão pela metade do preço. A Líder também estendeu o período da promoção que, nas cinco lojas próprias na capital mineira, começou na última sexta-feira e vai até o próximo sábado.
Já Adriano Boscatte, proprietário da Maxpel, papelaria no bairro Floresta, na região Centro-Sul, a semana de promoção está sendo uma oportunidade de aquecer vendas em um ano parado. Ele começou a Black Week nesta segunda-feira (21) e vai até sábado (26) . “O comércio está enfrentando muita dificuldade. Então baixei muito o preço e tenho produto com redução de 80%. Tenho mochila de R$ 139,90 que estou vendendo a R$ 60 e caderno de R$ 17 por R$ 5,99”, diz. “É uma oportunidade para diminuir o estoque que não saiu”, avalia. Nessa segunda (21), Adriano, já tinha vendido 15 mochilas. No mês passado, foram só 5.
Os shoppings que não ampliaram os dias da promoção estenderam o tempo de atendimento na sexta-feira, data tradicional do Black Friday, como os shoppings BH, DiamondMall e Pátio. O Minas Shopping e o Boulevard também vão funcionar em horário diferenciado nos dias de maior movimento.
“Para o cliente, é melhor um número menor de dias, mas com descontos realmente atrativos”, aposta Carolina Vaz, gerente de marketing do Shopping Cidade, que começa sua promoção na próxima quinta-feira. (LP)