ECONOMIA

Brasil é campeão em tempo gasto com impostos

Carga tributária no país, além de alta, demanda das empresas 2.600 horas por ano ou 108 dias; na Suíça, são 68 horas, menos de três dias.

Por Da Redação
Publicado em 08 de novembro de 2006 | 00:01
 
 

SÃO PAULO " Estudo do Banco Mundial (Bird), em parceria com a PricewaterhouseCoopers, divulgado ontem, coloca o Brasil como o país onde se leva mais tempo para o cumprimento das obrigações tributárias, demandando, em média, cerca 2.600 horas por ano, 108 dias.

A média geral, entre os mais de 140 países avaliados, ficou em 332 horas, 14 dias, sendo que a Suíça dedica 68 horas, menos de três dias. A análise partiu de uma premissa padrão do Bird que dava uma empresa, com número x de funcionários e que tivesse que cumprir suas obrigações conforme a carga tributária vigente de cada país e suas burocracias.

De acordo com o sócio do Tax Brasil da PricewaterhouseCoopers, Carlos Iacia, outros países podem ter uma carga tributária até maior, e dedicar menos tempo para suas obrigações.

Para Lacia, no entanto, a carga tributária brasileira está entre as principais razões para a demora. Além disso, ele destaca o tamanho considerável do Brasil legislações específicas em cada Estado e a burocracia para o controle e pagamento de impostos. "Temos mais obrigações acessórias do que outros países", avaliou Iacia.

Ele lembra, porém, que não é apenas o Imposto de Renda (IR) o vilão da carga tributária brasileira. "São o que chamamos de impostos indiretos. Há muitos outros, como ISS, Pis, Cofins, ICMS e IPI".

Para ele, esse conjunto de tributos afeta não apenas o investimento externo, "mas também o empreendedorismo interno". O executivo ressaltou a quantidade de relatórios de informações necessárias ao Fisco. "São muitos controles, apurações e demonstrativos."

No entanto, a gerente sênior do Tax Brasil da Pricewaterhouse, Adriana Grizante, ponderou que a tecnologia da informação funciona como contraponto positivo ao emaranhado de obrigações tributárias.

"As empresas conseguem hoje fazer mais demonstrativos por meio eletrônico, o que traz mais agilidade ao processo. Caso contrário, esse tempo de demora do Brasil poderia ser até maior", explicou. (Agência Estado)