Quem está com nome sujo nos cadastros de restrição, como o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), pode conseguir até 100% de desconto nos juros de sua dívida durante a campanha de recuperação de crédito da Câmara de Dirigente Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), que vai até a próxima sexta-feira, na sede da CDL-BH, das 8h às 18h. “Como os juros embutidos na dívida estão muito altos, a maioria das empresas que está participando da campanha oferece descontos muito altos também”, afirma o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antonio Gaspar.
Nesta segunda, no primeiro dia de funcionamento do mutirão, houve casos como o de José Cícero Silva, cuja dívida de R$ 5.200 caiu para R$ 400 após a negociação – voltou ao valor original, sem juros e multas. Segundo a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa de juros média geral para pessoa física foi de 132,9% ao ano em outubro. Porém, pode chegar a 800% ao ano quando a dívida se arrasta e os juros são cobrados sobre juros, explica o diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira.
Para voltar a comprar. O principal objetivo da campanha da CDL-BH é recuperar o consumidor para que ele possa voltar a consumir a prazo nas compras de fim de ano. “Nosso objetivo é que o maior número possível de nossos clientes fique apto novamente a adquirir nossos produtos”, explica o gerente de cobrança, controle de cartão e backoffice da financeira DaCasa, que faz parte do grupo Dadalto, Patrick de Aguiar.
Para o diretor da Anefac, porém, a campanha tem vantagem importante para bancos e financeiras. “Quanto maior a carteira de inadimplentes das instituições financeiras, mais elas precisam fazer a provisão de recursos para cobrir o prejuízo, e menos dinheiro elas têm para emprestar. Por isso essas campanhas são boas para as empresas também. Algumas negociam até o valor inicial da dívida”, avalia Oliveira.
No caso da Caixa Econômica Federal, o desconto na campanha pode ultrapassar 100% dos juros e chegar a 60% do valor inicial da dívida, ou 90% do seu valor total, segundo o assistente sênior da gerência de recuperação de ativos da Caixa, Flávio dos Santos. “É melhor negociar do que manter uma dívida que está fora da realidade do cliente pagar”, afirma.
O comerciante Washington Alves dos Santos foi à CDL negociar com a Caixa e reclamou dos juros. “Minha dívida era R$ 12 mil, e em seis meses chegou a R$ 22 mil. Consegui renegociar e vou pagar R$ 9.000, em uma entrada e mais 36 parcelas”.
Na internet
Acerto. A Serasa Experian prorrogou até o próximo sábado a sua campanha de renegociação de dívidas na web. O consumidor pode acessar a campanha em www.serasaconsumidor.com.br.
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Para CDL-BH, Natal será 1,5% menor
A expectativa da CDL-BH é que o Natal de 2015 tenha uma retração de 1,5% nas vendas, na comparação com o Natal de 2014. “Esse é o levantamento preliminar, considerando o ritmo de vendas durante o ano de 2015”, afirma o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antonio Gaspar.
A negociação das dívidas nesta segunda não animou o comerciante Washington Alves dos Santos a gastar mais neste ano do que gastou no Natal de 2014. “Este Natal vai ser sem presente, já até avisei minha namorada”, disse.
Editoria de arte |
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Mais da metade deve quitar seus débitos
Cerca de 180 empresas participam da sétima edição da Campanha de recuperação de crédito da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) entre financeiras, bancos, planos de saúde e lojas de varejo (veja a lista no portal O TEMPO Online). A expectativa é atender 40 mil pessoas, e que, dessas, 22 mil quitem débitos.
Para o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antonio Gaspar, o aumento da inadimplência deve acarretar um aumento na negociação. Em 2014, foram 20 mil débitos quitados. Segundo a CDL, o número de dívidas na capital cresceu 2,52% em outubro de 2015, na comparação com outubro de 2014.
Durante a campanha, que vai até sexta-feira, cerca de 30 empresas estão com estande na sede da CDL-BH, com descontos que podem chegar a 90% do valor da dívida. As demais empresas fazem a negociação via CDL e as condições são fixas: 45% de desconto no pagamento à vista e 35% quando parcelado em três vezes.
Mais da metade dos belo-horizontinos (54%) não fazem nenhum tipo de planejamento financeiro, seja pessoal ou familiar, aponta uma pesquisa realizada pela CDL-BH em setembro desse. Já o SPC Brasil aponta que 47% dos inadimplentes desconhecem o valor exato de seus rendimentos mensais.
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