Choque

Cemig tem a sétima energia mais cara para a indústria

O aumento de 12,7% do custo mineiro foi bem acima da média nacional, que ficou em cerca de 3%

Qui, 17/04/14 - 03h00
Salgado. Reajuste da Cemig pesou para o setor industrial e elevou a média da tarifa brasileira | Foto: Daniel de Cerqueira/O Tempo

O recente reajuste da Cemig fez Minas Gerais saltar da 12ª para a 7ª energia industrial mais cara do país. No ranking divulgado ontem pelo Sistema da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o custo médio por MWh passou de R$ 307,76, em 2013, para R$ 347,10. O aumento foi de 12,7%, quase o mesmo percentual aplicado para consumidores de alta tensão no Estado, que tiveram aumento de 12,42%.
 

A alta mineira ficou bem acima da média nacional, que subiu 3%, saltando de R$ 292,20 para R$ 301,66. Esse acréscimo fez o Brasil subir da 11ª para a 10ª mais cara energia industrial do mundo, entre os 28 países pesquisados.

A especialista em Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan, Tatiana Lauria, explica que esse ranking muda cada vez que uma distribuidora aplica um reajuste. “O Brasil ganhou uma posição na lista mundial depois dos quatro últimos reajustes aplicados neste ano. E o de Minas é um deles. Quando outros aumentos forem autorizados, as posições podem se alterar”, esclarece.

Segundo Tatiana, além do peso dos impostos, a explicação para o encarecimento da energia é o aumento do uso das térmicas. “A sociedade está pagando por uma escolha do passado. O peso é diferente para cada indústria, uns setores têm que repassar para o preço final e outros conseguem segurar, mas, no fim, a competitividade do país é reduzida no mercado internacional”, afirma.

O diretor regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq/MG), Marcelo Veneroso, destaca que a competitividade brasileira já está comprometida. “No setor de máquinas, a energia tem um peso médio de 10% no custo da produção. Se já sofremos com pontos normais como imposto, o aumento da energia só vai enterrar ainda mais a cabeça no buraco”, avalia.

De acordo com Veneroso, quanto mais caro é o custo, maior é o preço e maior é a abertura para a concorrência. “É mais um fator que abre a porta para os importados”, destaca o diretor da Abimaq.

No ranking mundial divulgado pela Firjan, a média do custo de energia foi de R$ 269,07 por MWh. Na 10ª posição, o Brasil está com um custo 12,1% acima do global. Entre os países do Brics, o custo brasileiro só não é menor do que o da Índia (R$ 630,92), que é o maior do mundo.

Já a Rússia e a China têm custos respectivos de R$ 150,35 e R$ 201,48 para cada MWh.

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