Automóveis

Com a volta do IPI, vendas têm queda de 28% em fevereiro 

Primeira quinzena do mês mostra resultado preocupante para o setor; mercado espera ano ruim com o cenário econômico desanimador

Ter, 18/02/14 - 03h00
Desânimo. Inflação subindo, juros altos e crescimento econômico muito baixo formam uma combinação desastrosa para o setor | Foto: Alex de Jesus/O Tempo

Em nove dias úteis de fevereiro, do dia 1º ao dia 14, foram vendidas 101.192 unidades de automóveis e comerciais leves no país. O número representa uma queda de 28% em relação aos primeiros nove dias úteis de janeiro e sinaliza para um ano difícil para o setor. “Acostumada a bater recordes de vendas nos últimos anos, a indústria automotiva vai amargar um ano ruim”, avalia o coordenador do curso de economia da Newton Paiva, Leonardo Bastos.

As vendas de automóveis e comerciais leves, que em janeiro somaram cerca de 300 mil unidades, devem chegar a, no máximo, 230 mil neste mês. “Fevereiro está um caos. Se chegar a esse patamar, pode comemorar”, diz o consultor da ADK Automotive, Paulo Garbossa. Ele explica que as vendas de janeiro foram melhores porque as concessionárias ofereceram estoque que sobrou de 2013, incluindo veículos que estão saindo de linha e outros sem airbag e freios ABS, que passaram a ser exigidos neste ano.

“Os preços estavam convidativos”, diz. Essas unidades podem ser comercializadas até 31 de março, mas os estoques já estão bem reduzidos e o cenário econômico não é animador. “Inflação subindo, juros altos e crescimento econômico muito baixo formam uma combinação desastrosa”, avalia o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro de Moraes Filho.

Ele diz que o movimento despencou neste mês e não vê perspectiva de melhora. “Vai ser um ano bem complicado”, afirma. Além dos fatores enumerados por ele, o professor Leonardo Bastos aponta ainda o alto endividamento das famílias, que inibe a compra de bens mais caros.

Entre os concessionários, o clima é de pessimismo. “Neste mês, as vendas estão caindo, acredito que tem muita relação com o aumento do IPI. O consumo deixou de ter um estímulo externo e caiu”, diz o gerente de vendas da Líder BH, Alexandre Peixoto. Ele conta que um terço do estoque ainda é de modelos com IPI antigo e são esses carros que estão vendendo melhor. Não temos nenhuma perspectiva de melhora, pelo contrário, tudo indica retração”, reclama.

Expectativa. Na contramão do pessimismo do setor, a GO Associados estima aumento de 0,6% na comercialização de autoveículos nacionais e importados no Brasil em 2014 ante 2013. Para a produção, a alta deve ser de 1%. Se considerados apenas os veículos leves, as vendas devem crescer 2% entre 2013 e 2014, para 2,931 milhões de unidades, diz a consultoria.

Contratação

A Ford contratou quase 200 funcionários para retomar a produção das picapes da Série F na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). A produção havia sido suspensa em 2011.

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