Usiminas

Conselho descarta falha em bônus 

Ata de reunião mostra que motivo de afastamento de executivos é infundado: premiação é legal

Seg, 30/03/15 - 03h00
Gigante. Usiminas, em Ipatinga, é uma das maiores siderúrgicas do Brasil e passa por disputa entre acionistas desde o ano passado | Foto: DANIEL MANSUR/USIMINAS/DIVULGAÇÃO

O retorno dos três executivos da Usiminas – o presidente executivo Julián Eguren, além dos dois vice-presidentes, Paolo Bassetti e Marcelo Chara – afastados do seus cargos em setembro do ano passado poderá acontecer, dependendo da decisão da Justiça, que no próximo mês deve julgar o agravo de instrumento da ítalo-argentina Ternium, que pede a volta dos executivos. Dos três desembargadores que votam, um deles já se manifestou em favor do retorno.

O julgamento em segunda instância na 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em fevereiro deste ano, foi adiado, já que os desembargadores que não votaram pediram mais prazo para analisar o assunto. O motivo do afastamento do presidente e dois vices seria o recebimento de bônus. No entanto, segundo a ata da reunião ordinária do conselho fiscal do dia 28 de outubro de 2014 – assinada pelo presidente do conselho fiscal, Paulo Frank Coelho da Rocha e outros quatro conselheiros – o bônus foi aprovado pelo conselho de administração.

O documento ressalta que as afirmações de irregularidades foram precipitadas, tendenciosas e baseadas em exame superficial dos documentos: “ (...)a afirmação de que os Diretores Estatutários agiram com má-fé ou dolo por não questionarem o pagamento de benefícios, calculados pela área de recursos humanos, transitados em folha de pagamento e previamente aprovados pelo Conselho de Administração, não tem sustentação e razoabilidade”.

O presidente do conselho de administração da Usiminas, Paulo Penido, afirma que as auditorias feitas por empresas especializadas (Deloitte e Ernst Young) confirmaram as irregularidades. “Os relatórios são claros e as empresas estão entre as maiores do mundo na sua área de atuação. Além do mais, não há contratos que justifiquem o pagamento”, diz.

Entretanto, o conselho fiscal defende, na ata, que os relatórios de auditorias externas de empresas especializadas não são conclusivos e sobre o voto de Penido, nome forte da Nippon Steel, a ata lança dúvidas sobre a isenção do presidente do Conselho. “O resultado das análises dos fatos suportados por documentos comprobatórios e pelo conteúdo dos relatórios de auditorias especializadas não nos permite construir convicção sobre a legitimidade do voto de desempate do presidente do Conselho de Administração ou se o mesmo foi exercido no interesse social e econômico da companhia”, diz a ata.

Em setembro de 2014, a reunião do Conselho de Administração terminou empatada, em 5 a 5. Foi de Penido o voto de minerva que definiu o afastamento dos executivos. O atual presidente do conselho frisou que foi eleito por unanimidade para o cargo e que a decisão de afastar os executivos não foi dele, mas do Conselho, que passará por alterações. E que no próximo dia 6 de abril está prevista a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para eleição de um novo Conselho de Administração, que está desfalcado desde a saída do nome indicado pela Previ, em outubro de 2014, após venda de ações para a Ternium.

Presidência. Nippon e Ternium podem entrar em consenso para indicar um nome para a presidência do Conselho de Administração, o que não deve acontecer em razão da briga dos maiores sócios da siderúrgica. “Não existe vedação para reeleição. Só que não vou ser eleito. Não tenho essa expectativa”, frisou Penido.

Diante do impasse, os minoritários – que indicaram o conselheiro Marcelo Gasparino para o cargo – passaram a ter mais força na eleição. Ele tem o apoio do fundo L. Par, de Lírio Parisotto, candidato à cadeira que a Previ deixou vaga entre os conselheiros.

Além de Gasparino, os sócios minoritários formalizaram a indicação do presidente da Associação de Investidores de Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha, para uma cadeira no conselho.

Aluguel de ações para virar jogo

Brasília
. A ítalo-argentina Ternium decidiu alugar 25 milhões de ações ordinárias, que correspondem a 4,95% do capital ordinário da Usiminas, em uma tentativa de virar o jogo na disputa pela gestão da empresa, conforme informou ontem o jornal “Valor Econômico”.

Procurada pela reportagem, a empresa decidiu não comentar o assunto.

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