Juros

Copom eleva a taxa Selic de 12,75% para 13,25% ao ano

Aumento de meio ponto percentual atendeu às expectativas do mercado; com o aumento dos juros, é preciso ficar mais atento às contas mensais para não se endividar

Por Folhapress
Publicado em 29 de abril de 2015 | 19:54
 
 

O Banco Central confirmou o que era esperado pelo mercado e elevou nesta quarta-feira (29) a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Foi a quinta alta seguida desde a reeleição de Dilma Rousseff, no fim de outubro.

O aumento da taxa, que serve de referência para o custo do dinheiro na economia brasileira, veio em conformidade com as expectativas do mercado. A alta era a aposta de 53 dos 61 economistas ouvidos em pesquisa da Bloomberg. Os outros oito viam aumento de 0,25 ponto percentual, a 13%.

Os juros estão agora no maior nível desde janeiro de 2009. Naquela época, o BC iniciava um processo de redução da taxa básica para reanimar a economia diante dos efeitos da queda do banco Lehman Brothers.

A decisão foi anunciada em um momento em que o dólar e o reajuste de tarifas pressionam a inflação e a atividade econômica aprofunda a recessão – o PIB recuará 1,1%, segundo analistas.
A taxa Selic é utilizada nos empréstimos que o BC faz a instituições financeiras. Ela também serve de referência para a economia e para os juros cobrados de consumidores e empresas.

Para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para 2 e 3 de junho, as previsões divergem sobre a possibilidade de uma nova alta de juros. Um novo aumento poderia afetar ainda mais a atividade econômica, e a expectativa é que a inflação comece a retroceder sob efeito da política monetária.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners, a inflação alta deve fazer com que o BC faça novo aumento de juros em junho. "Mas deve ser a última alta, porque o contexto da economia nacional não permite novos aumentos, sob risco de afetar mais ainda o crescimento do Brasil", afirma.

Para a equipe de análise da Concórdia, a alta desta quarta-feira foi a última deste ano, para não afetar mais ainda a economia brasileira.

O BC tenta trazer a inflação ao consumidor, que está acima de 8% no acumulado em 12 meses, para a meta de 4,5% até o fim de 2016. Para isso, conta com o aumento de juros, com a desaceleração da economia e com a melhora nas contas públicas (menos gastos e mais impostos).

Para o BC, é preciso agir para evitar que os efeitos da alta do dólar e da correção de tarifas e preços controlados pelo governo se espalhem ainda mais pela economia e mantenham a inflação alta.

Veja a evolução da Selic:

 

PIB

A atividade econômica enfraquecida é o que limita novas altas da Selic neste ano. No quarto trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 0,1%, abaixo das expectativas.

Neste ano, o país deve ter retração de 1,1% do PIB, de acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central. A indústria continua sendo um peso sobre a atividade em geral, com contração de 2,5% no ano, segundo o boletim.

A expectativa é de que a economia melhore em 2016, com crescimento de 1%, de acordo com o Focus.

Anefac

Com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, os juros médios cobrados das pessoas físicas serão de 119,03% ao ano (ou 6,75% ao mês), segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Em março, o juro médio ao consumidor cobrado nas operações de crédito foi de 6,71% ao mês (ou 118% ao ano).

Em julho de 2011, quando a Selic estava em 12,50% ao ano, esse juro médio ao consumidor era de 121,21% ao ano.

Seu bolso

Com o aumento dos juros, é preciso ficar mais atento às contas mensais para não se endividar. Para Mauro Calil, especialista de finanças do banco Ourinvest, a principal dica é não entrar em nenhum empréstimo bancário.

"O consumidor deve evitar, a todo custo, pedir dinheiro emprestado para o banco. O melhor é pagar tudo à vista ou, então, utilizar empréstimos somente para compra de bens duráveis, como um imóvel."

Os juros de créditos mais caros para o consumidor, como cartão de crédito e cheque especial, devem seguir elevados.

Mas o momento não é só de pessimismo. Quem conseguir investir terá um bom retorno, aproveitando a taxa alta de juros.

"Lembrando que, por causa da inflação alta, a poupança é considerada o pior dos investimentos. Para aproveitar o momento, as melhores opções são CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) ou fundos de renda fixa", afirma Calil.

Atualizada às 20h03