Recursos hídricos

Crise ajuda a recuperar água 

Nível do reservatório do sistema Paraopeba subiu de 30,2% para 49,8% em um ano

Por Queila Ariadne
Publicado em 22 de março de 2016 | 03:00
 
 
Serra Azul. De março de 2015 para agora, o nível do reservatório em Juatuba, na região metropolitana, triplicou de 9,1% para 29,3% Foto: UARLEN VALERIO

Há um ano, o nível dos reservatórios do sistema Paraopeba estava em menos de um terço da capacidade. O risco de desabastecimento era tão grande que a Copasa lançou uma campanha para que os consumidores economizassem 30% de água. Hoje, a situação já melhorou e o nível subiu de 30,2% para 49,8%. No entanto, ainda está muito longe dos índices de três anos atrás, quando ultrapassavam os 90%. A campanha de conscientização ajudou. As chuvas colaboraram, mas a crise econômica também está por trás da recomposição dos níveis.

Segundo o gerente de meio ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Wagner Soares Costa, a retração da produção provocada pela queda da demanda, embora muito negativa, contribuiu em dois aspectos para elevar os reservatórios do país. “Reduziu o consumo de água e também de energia elétrica. É péssimo para o sistema econômico, mas, se estivéssemos no mesmo patamar de produção de três anos atrás, o problema seria muito mais agudo”, ressalta.

Alternativas. Como a melhora não é sinal de solução para a crise hídrica, Costa afirma que a orientação para as indústrias neste momento é continuar investindo em tecnologias para redução do consumo. “O uso deve continuar racionado e as indústrias têm que manter os cintos apertados, pois as previsões para chuvas no Sudeste estão muito inseguras”, afirma o gerente da Fiemg.

A Ambev, que tem fábrica em Sete Lagoas, região Central do Estado, comemora a antecipação da meta de redução de consumo de água. O objetivo era chegar em 2017 usando 3,2 litros de água para cada litro de bebida. A proporção já está em 3,17 litros. A empresa adota um programa de reuso da água utilizada na limpeza, que não inclui a água da fabricação da cerveja. No ano passado, para melhorar a gestão de recursos hídricos, adotou a bacia do Ribeirão Jequitibá, em Sete Lagoas. O objetivo é implementar alternativas para preservação dos mananciais. A medida vai beneficiar 34 municípios, nos quais os mananciais abastecem 5,4 milhões de pessoas.

“Queremos dividir os nossos valores ambientais com a sociedade e engajá-la nessa causa”, explica a gerente de relações socioambientais da Ambev, Simone Veltri,

Não há risco de racionamento

A situação dos reservatórios de Minas Gerais está mais confortável, mas inspira cuidados. Por meio da assessoria de imprensa, a Copasa afirma que, apesar do risco de desabastecimento estar afastado, o consumo consciente ainda é recomendável.

Em relação ao ano passado, os níveis do sistema Paraopeba (Serra Azul, Vargem Grande e Rio Manso) aumentaram mais de 50%. Segundo a Copasa, a obra para captação alternativa, que entrou em operação em dezembro do ano passado afastou qualquer risco de racionamento.

“Foram investidos R$ 128,4 milhões na obra que garante o abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte pelos próximos 20 anos. A captação de até 5.000 litros de água por segundo no rio Paraopeba no período de chuvas faz com que os reservatórios sejam poupados”, diz.

De acordo com a companhia, a participação popular também contribuiu para a recuperação dos reservatórios, com a campanha de redução de 30% no consumo de água. “A população atendeu e a economia média no ano passado, de fevereiro a dezembro, foi de 11,6%, sendo que em alguns meses foi superior a 15%. Essa economia foi fundamental para que se evitasse o racionamento”, ressalta. 

Arsae faz nesta terça audiência sobre revisão tarifária

A Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) realiza nesta terça uma audiência pública sobre a revisão tarifária da Copasa. Pelos cálculos preliminares, o aumento médio deve ser de 10,18% nas tarifas de água e esgoto. Além do debate presencial, das 14h às 18h no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea), os interessados podem encaminhar comentários e sugestões até o dia 28 de março, pelo e-mail audienciapublica10@arsae.mg.gov.br. A mudança mais esperada é na adequação das regras de consumo para quem usa menos de 5.000 litros (5 m³) por mês.