Crise política derruba lucro do Banco Rural

Instituição mineira teve prejuízo de R$ 320 milhões no ano passado, o primeiro em 40 anos de existência.

Qua, 05/04/06 - 00h02

O envolvimento no escândalo do mensalão custou caro ao Banco Rural. A instituição mineira acusada de envolvimento no escândalo do valerioduto, amargou no ano passado o primeiro prejuízo de seus 40 anos de história. O rombo foi de R$ 322,044 milhões, diante de um lucro líquido de R$ 132 milhões em 2004.

Para piorar, a empresa será multada pelo Banco Central por ter atrasado em quase dois meses a data limite de entrega do seu demonstrativo financeiro. Conforme o balanço divulgado pelo Rural, os maus momentos começaram com a crise do mercado em 2005, provocada pela intervenção do Banco Santos.

Milhares de aplicadores deixaram os bancos de menor parte " no caso, o Rural " e migraram para instituições de maior porte. Consta no documento que em um "curto espaço de tempo" o Banco Rural perdeu R$ 1,2 bilhão com saques, o que respondia por cerca de 25% do total de depósitos.

Segundo o balanço da empresa, o escândalo da crise política em junho de 2005 fez com que setores do mercado especulassem sobre a liquidez e a saúde patrimonial do Banco Rural. Os depósitos totais do banco caíram de R$ 4,5 bilhões em junho de 2004 para R$ 3 bilhões no dia 31 de dezembro daquele ano.

A situação piorou para a instituição em dezembro do ano passado, quando os depósitos recuaram para R$ 1,1 bilhão. Como consequência, as aplicações em operações de crédito caíram de R$ 4,5 bilhões em junho de 2004 para R$ 3,4 bilhões em dezembro daquele ano, ficando em R$ 1,5 bilhão em dezembro de 2005.

O patrimônio líquido do Banco Rural passou de 677,87 milhões em 2004 para R$ 333,64 milhões no exercício passado, o que responde por drástica redução de 51%.

Economias
Entre as principais medidas adotadas pela presidente do banco, Kátia Rabello, para conter a hemorragia da empresa, destaca-se a redução de 122 para 29 o número de agências e o corte de empregados.

Foram demitidos 1.337 empregados, o que implicou na redução de R$ 128 milhões nas despesas do banco. Também foi diminuído o alto escalão do banco.

O número de conselheiros caiu de sete para quatro; diretores estatutários de 14 para oito, executivos de 25 para 12; superintendentes de 31 para 15. Com isso, o Rural reduziu em R$ 153 milhões as suas despesas operacionais.

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