Sócios

Disputa na Usiminas faz ações caírem 

Briga envolvendo Grupo Nippon e Ternium já refletiu na queda de papéis da ordem de cerca de 8%

Por Juliana Gontijo
Publicado em 02 de outubro de 2014 | 03:00
 
 
Receita. Usiminas é a maior contribuinte da cidade de Ipatinga Foto: usiminas/divulgação

A disputa societária na siderúrgica Usiminas envolvendo o Grupo Nippon e Ternium, subsidiária do grupo ítalo-argentino Techint, tem impactos negativos para a companhia, em especial, no que se refere ao mercado de capitais, segundo especialistas. “O mercado não é receptivo, pois causa insegurança”, conforme o coordenação do curso de administração da Universidade Fumec, Daniel Pardini.
 

Na última segunda-feira, as ações da Usiminas caíram 7,16%, a R$ 6,6, no mesmo dia que a Justiça de Minas Gerais negou o pedido de liminar da Ternium, que pediu para tornar sem efeito as decisões tomadas em reunião do conselho de administração de quinta-feira passada. Dessa forma, o então presidente Julián Eguren e os diretores Paolo Bassetti e Marcelo Chara, nomes de confiança do grupo Ternium, se manteriam no cargo. Nessa terça, a queda das ações da Usiminas PNA foi de 3,93% e, nesta quarta, alta de 1,57%.

A percepção do mercado é de que as ações passarão por um período de forte pressão até que uma nova diretoria seja composta e que se encerre a briga. O BTG alterou em relatório sua recomendação para os papéis da companhia de compra para neutro.

A assessoria de imprensa da Ternium informou que vai recorrer da decisão e que já ingressou na Justiça.

Uma fonte que pediu para não ser identificada disse que essa já é considerada a maior disputa societária do ano. “E vai ser decidida na Justiça, uma vez que não há um menor clima para acordo”. Já há, inclusive, especulações sobre uma possível cisão dos ativos.

O professor de direito empresarial da Newton Paiva Michael César Silva frisou que o conflito não é bem visto pelo mercado, já que traz insegurança, o mesmo pode ser sentido por alguns funcionários.

O diretor vice-presidente de tecnologia e qualidade da siderúrgica, Rômel Erwin de Souza, ligado à Nippon, foi nomeado como substituto temporário de Julián Eguren.

O nome, conforme um funcionário da siderúrgica, que pediu para não ser identificado pela reportagem, foi bem aceito pelos empregados. “Ele é uma figura conhecida na empresa e tem muita credibilidade”, diz.

O diretor financeiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa), Geraldo Magela Duarte, conta que o presidente interino é conhecido dos funcionários e que nada mudou ainda na companhia. “Os acionistas ainda são os mesmos”, frisa.

A assessoria de imprensa da Nippon informou que a destituição dos dois diretores e do presidente foi motivada por irregularidades que foram confirmadas, tanto que parte dos valores foram devolvidos. As irregularidades teriam sido cometidas em 2012 e 2013 e são relativas ao recebimento de remunerações, benefícios e bônus pelos executivos.

Do capital votante da Usiminas, o grupo Nippon detém 29,44% e a Ternium/Tenaris dispõe de 27,66%. 

Reclamação

Antes. Três conselheiros da Usiminas ligados à Ternium entraram com uma reclamação na Comissão de Valores Mobiliários, que abriu processo administrativo desde o dia 1º de setembro.