Recessão

Economistas revisam para baixo projeções para o PIB em 2015

As projeções dos economistas ouvidos pela reportagem sobre o desempenho do PIB neste ano variam entre -2,3% e -3,0%

Sex, 28/08/15 - 18h55

A forte contração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, acompanhada da revisão para baixo dos dados dos primeiros três meses do ano, levou economistas a reduzirem suas projeções para o desempenho da economia em 2015.

A expectativa, afirmam, é de que ainda haja retração econômica neste trimestre e na segunda metade do ano. Segundo os analistas, indicadores divulgados sobre os meses de julho e agosto são pouco animadores. São dados de emprego, inflação, confiança, produção, estoques entre outros.

As projeções dos economistas ouvidos pela reportagem sobre o desempenho do PIB neste ano variam entre -2,3% e -3,0%.

Entres os indicadores da economia que deram sinais negativos no segundo semestre, a confiança do consumidor recuou 1,7% na passagem de julho para agosto, atingindo 80,6 pontos. Foi o quinto recorde negativo este ano,  segundo a FGV.

Nas indústrias, o segundo semestre começou com queda na produção da indústria, juros elevados e desemprego crescente, segundo indicadores de julho compilados em pesquisa pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

O índice de elevação da produção da indústria, por exemplo, foi de 44 pontos em julho. É um aumento na comparação a junho (40,3 pontos), mas ainda abaixo de 50 -o índice acima desse patamar indica expansão da produção da indústria.

Abaixo, as avaliações dos economistas:

"Os dados forçaram uma revisão na projeção de PIB para 2015, de -2% para -2,5%. A forte revisão da contração no primeiro trimestre e um comportamento negativo do consumo das famílias já no início do ano também surpreenderam. E esse indicador deve cair mais forte nos próximos trimestres, prejudicado pelo ajuste no mercado de trabalho, tornando-se o principal vetor para baixo do desempenho econômico."
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos

"No terceiro trimestre deste ano, na comparação ao segundo trimestre, a queda do PIB será de 0,4%. [Essa queda menos intensa] dará a impressão de algo melhor, mas na comparação com o ano passado será pior, com queda de 3,1% do PIB. O terceiro trimestre seguirá sendo de piora nos investimentos e no consumo. Este, especialmente, deve dar um tom bem forte de baixa para a economia até o ano que vem. Por isso, reduzimos nossa projeção para o PIB em 2015 de queda de 2,1% para contração de 2,5%."
Sérgio Vale, economista da MB Associados

"Esperamos uma queda de 2,5% no PIB neste ano -ante uma projeção anterior de -2,1%, em primeiro lugar, porque a contração da economia no primeiro semestre foi maior que a esperada. E não há sinais de melhora. O PIB deve cair novamente no terceiro trimestre, influenciado pela queda nos índices de confiança, a taxa de juros elevada, o crédito desacelerando. O cenário político também está contribuindo para piorar a economia porque inviabiliza as reformas necessárias para melhorar o desempenho econômico. A contração nos próximos meses, porém, deve ser menor que no segundo trimestre."
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil

"O resultado do segundo trimestre vem em linha com o que projetávamos. A piora nos dados do primeiro trimestre, porém, forçam uma revisão da previsão de PIB para o ano, de -2,2% para -2,5%. Apesar disso, espero uma contração menor do PIB no segundo semestre. Isso porque o setor de serviços [do lado da oferta] e o consumo das famílias [do lado da demanda] terão pequena melhora, beneficiados por uma inflação mais baixa e o ajuste de salários em categorias importantes, como petroleiros, metalúrgicos, químicos e bancários."
Carlos Pedroso, economista-chefe do Banco de Tokyo-Mitsubishi

"A recessão mais profunda em 2015 vai contaminar a projeção para o crescimento de 2016. Considerando o dado pior do segundo trimestre e a revisão para baixo da contração no primeiro trimestre, nossa projeção para a segunda metade de 2015 aponta agora para uma queda de 2,5% no PIB em 2015 [contra -2,1% da previsão anterior]."
Banco Goldman Sachs, em relatório ao mercado

"Continuamos a projetar um crescimento real do PIB de -3,0% neste ano, e de -1,0% em 2016. Nós temos estado frequentemente alguns passos à frente do consenso em nossas visões sobre a economia brasileira. Acreditamos que a projeção de consenso continuará nos seguindo e sendo reduzida, tanto para 2015 quanto para 2016."
Banco BNP Paribas, em relatório

"O resultado do segundo trimestre foi um pouco abaixo das nossas projeções. Os indicadores já divulgados apontam para nova contração da atividade econômica no terceiro trimestre. A confiança dos empresários e consumidores seguem em seus mínimos históricos. Os estoques permanecem altos, o que deve reduzir a produção na indústria nos próximos meses. Finalmente, o mercado de trabalho apresenta deterioração adicional, sobretudo nos dados do emprego formal. Então, avaliamos que há riscos de que a queda do PIB em 2015 seja maior que a que temos hoje no cenário (atualmente, projetamos -2,3%)."
Rodrigo Miyamoto, economista do Itaú BBA, em relatório ao mercado

"Estamos com uma projeção de queda de 0,3% do PIB no terceiro trimestre, frente aos três meses anteriores. E de 3% na comparação ao mesmo período do ano passado. Indústria e serviços devem contrair no terceiro trimestre no ano sobre ano, mas os dados com ajuste será bem menos negativo. Enfim, a recessão continua, mas em magnitude menor. Quando sairemos da recessão é uma pergunta de 1 milhão de dólares. No primeiro trimestre do ano que vem podemos ter uma taxa positiva, mas será um 'falso positivo', já que não está claro que o trimestre seguinte será bom."
Silvia Matos, economista do IBRE/FGV

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