Análise

Empreendedor desanimado abre menos empresas em MG

Crédito restrito, juros altos e a insegurança do período eleitoral induzem a momento de cautela

Qua, 13/08/14 - 11h00
Moda. Júnio, conhecido como “Rap Blitz”, e Pedrinho dizem que ter empresa formal facilita crédito | Foto: PEDRO GONTIJO / O TEMPO

Na mesa do bar, na fila da padaria ou no cafezinho da empresa, todo mundo tem conversado sobre a situação econômica e a sensação de que as coisas estão mais difíceis. Juros altos, financiamentos mais difíceis, preços subindo e menos dinheiro na mão – a combinação que tira o sossego das famílias – parecem ter contaminado também os empreendedores: menos negócios estão sendo abertos no Estado, e mais empresas estão sendo fechadas do que a média histórica do mercado.


É o que mostram os dados da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg). De janeiro a maio deste ano, abriram as portas 18.498 empresas, enquanto que, em igual período de 2013, foram 21.376. O recuo foi de 13,46%.

Em quatro dos cinco meses de 2014, o número de empresas que abriram as portas foi menor na comparação com iguais meses do ano passado. Apenas em fevereiro deste ano a quantidade de novos empreendimentos (4.006) foi superior à de 2013 (3.747).

O número de empresas que fecharam as portas também aumentou 5,15% neste ano, até maio, na comparação com os mesmos meses do ano passado.

Para o professor de finanças da Universidade Fumec Alexandre Pires de Andrade, os números da Jucemg mostram a realidade do mercado. “Com o ambiente econômico atual, com juros altos, crédito restrito dos bancos e insegurança do período eleitoral, o momento é de cautela”, diz.

Quem acredita. Na contramão, Júnio Marques da Silva, o Rap Blitz, e Pedro Henrique Santos, o Pedrinho, decidiram apostar no setor de vestuário e acessórios, o que mais teve empresas abertas neste ano, com 779 novos pontos. Abriram sua loja de moda hip hop em março deste ano, no Uai Shopping. “Nosso diferencial é ser uma opção mais em conta, com várias opções de produtos e marcas”, diz.

Para ter resultados melhores, ele procurou o Sebrae Minas, com o objetivo de conseguir orientações e capacitação. “Eles me esclareceram várias dúvidas. Como não sou informal, conto com algumas facilidades, entre elas conseguir uma linha de crédito”, observa.

Silva aponta a burocracia, além da falta de informação, como uma das maiores dificuldades enfrentadas por quem deseja ter um negócio. Ele também reclama da inflação alta, que reduz o poder de compra do consumidor.

Falências
Em alta.
De acordo com Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, em julho de 2014 foram 141 pedidos de falência no país, uma alta de 23,7% em relação aos 114 requerimentos efetuados em junho e de 3,7% sobre julho de 2013.

O que dizem os principais candidatos à Presidência do país


Dilma Rousseff (PT):
Novo ciclo de crescimento
Em entrevistas, Dilma Rousseff saiu em defesa da política econômica de seu governo e assegurou que o país entrará em um novo clico de crescimento, independente da economia mundial. “Nós estamos numa fase de baixa de ciclo econômico, mas sabemos que vamos entrar em outra fase. Estamos nos preparando para melhorar a competitividade do país, aumentar as condições pelas quais nós vamos poder enfrentar essa nova etapa”.

Eduardo Campos (PSB): Melhoria na condução da macroeconomia
Já fez críticas à gestão econômica dizendo que a economia só vai melhorar “quando houver a mudança política que o país espera”. “A gestão do país não tem foco, não tem visão de longo prazo”, afirmou. Ele defendeu novamente melhorias na condução da macroeconomia, para corrigir desequilíbrios de inflação alta, juros altos e baixo crescimento. E criticou também a política do atual governo de priorizar determinados setores.

Aécio Neves (PSDB): Ambiente para retomar investimentos
Afirmou que sua eventual vitória criaria um ambiente de segurança que ajudará na retomada dos investimentos. “O atual governo perdeu a capacidade de gerar confiança, tanto em agentes internos quanto externos”, avaliou. De acordo com ele, é necessário regras claras, marcos regulatórios compreensíveis e simplificação do sistema tributário para que o país possa retomar um ciclo de crescimento sustentável por um longo período.

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