Asolar

Empresa abandona 400 trabalhadores no Noroeste de MG 

Prestadora da Cemig encerrou atividades; sem rescisão, funcionários não podem sacar FGTS nem requerer seguro

Qua, 13/07/16 - 03h00
Manifestação. Grupo protestou contra irregularidades de empreiteira em Paracatu, no interior do Estado | Foto: Sindieletro / Divulgação
Cerca de 400 funcionários do setor elétrico do Noroeste de Minas que trabalhavam para a empresa Asolar estão sem receber salários e benefícios desde que a empreiteira abandonou um contrato de prestação de serviços com a Cemig, em 20 de maio. De acordo com fontes ouvidas por O TEMPO, a empresa de origem espanhola não avisou que fecharia as portas e nem que rescindiria o contrato dos funcionários.
 
Segundo o coordenador da regional Triângulo do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG), Wilian Franklin, a Asolar já vinha demonstrando dificuldades em cumprir compromissos desde que começou a prestar serviços de manutenção na rede elétrica para a Cemig, em 15 de junho de 2015.
 
“No decorrer do tempo, a empresa foi contraindo dívidas com fornecedores e chegou a ser despejada de alguns imóveis por falta de pagamento de aluguel”, diz Franklin. Além disso, diz o sindicalista, a empreiteira atrasava salários e deixava de pagar benefícios, como tíquetes-refeição.
 
Após seguidas greves, que geraram algumas demissões, e uma paralisação generalizada que durou três dias, a empresa fechou as portas sem avisar, abandonando funcionários de cidades como Paracatu, João Pinheiro e Unaí. “Essas pessoas estão sem direito a retirar o FGTS porque não houve rescisão, sem direito a requerer seguro-desemprego, estão passando extrema necessidade, com trabalhadores sendo despejado porque não têm como pagar aluguel”, afirma Franklin.
 
Em reação, alguns trabalhadores entraram com ações individuais na Justiça contra a Asolar, e a Sindieletro-MG entrou com uma representação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) de Montes Claros, onde ficava a sede da empresa na região. Segundo o sindicalista, depois de uma audiência de conciliação que “não levou a nada”, a Justiça obrigou a Cemig a reter as faturas da Asolar – no valor de cerca de R$ 1 milhão.
 
O MPT informou que está atuando no caso desde abril, quando recebeu a denúncia. Propôs uma ação cautelar em maio, dentro das competências que a lei prevê e obteve decisão em favor do bloqueio de créditos, cerca de R$ 1 milhão, que a Asolar tem a receber da Cemig, único caminho para impedir que a investigada disponha de seu patrimônio e, aí sim, o dano se torne irreversível.
 
Ainda segundo Franklin, houve uma reunião da estatal e da Asolar com sindicalistas, na qual a prestadora se prontificou a complementar a dívida contraída pela Cemig em três vezes. “Os trabalhadores não aceitaram porque sabiam que a empresa não honrava os compromissos”, conta.
 
Sem definição, os trabalhadores desligados fizeram uma manifestação em Paracatu, e Franklin denunciou as irregularidades na tribuna da Câmara da cidade, o que, segundo ele, tampouco surtiu efeito.
 
Sem ter contratado ninguém para o lugar, a região está com um déficit no setor elétrico. “A população ficou numa situação complicada. Se acontece um acidente, nós, que trabalhamos na área, sabemos do risco, e não vai ter uma licitação para resolver isso”, diz o eletricista Ismael Medeiros, de João Pinheiro, que também trabalhava para a Asolar. “Alguém tem que tomar uma providência, tem muita gente em situação complicada”, afirma. A reportagem tentou entrar em contato com a Cemig, mas não obteve sucesso.
 
Atualizada às 16h13

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