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Empresas faturam R$ 9 bilhões com serviço delivery em 2015 

Sucesso do atendimento faz proliferar empreendimentos específicos, e setor cresce 12,5%

Por Juliana Gontijo
Publicado em 28 de março de 2016 | 03:00
 
 
Custo. Keiko Tanaka, com o sushiman Weslei, disse que a empresa delivery requer menos funcionários Foto: JOAO GODINHO / O TEMPO

O que faz com que você pegue o telefone, acesse internet, baixe um aplicativo e peça comida para ser entregue em casa? Seja por comodidade, falta de tempo ou qualquer outro motivo, o setor de delivery e “to go” – quando o consumidor compra um alimento e o consome em outro local, como é o caso do drive thru – encerrou 2015 com faturamento de R$ 9 bilhões. E, mesmo com a crise, conseguiu a proeza de contabilizar R$ 1 bilhão a mais do que no ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Um crescimento de 12,5%. O segmento responde por 6% do mercado de alimentação fora do lar.

A praticidade e a troca da empregada pela diarista em muitos lares é a aposta do sócio da Un Goumert, Baltazar Melo, que iniciou as atividades neste ano. Ele explica que a compra do prato é feita pelo site, e a entrega ocorre no dia seguinte. “É um modelo diferente do delivery convencional. E o processo de preparo usado pela empresa, o Sous Vide (embalagem à vácuo, mantendo a propriedade dos alimentos), também é um diferencial”, diz.

O analista de marketing do Sebrae Minas Fábio Petruceli ressalta que os pedidos vêm crescendo continuamente desde o início do serviço de delivery no Brasil, em meados dos anos 80. “Antes, as pizzarias eram as que contavam com o serviço e cobravam caro por ele, quando comparado ao valor do produto. Hoje, todo mundo entrega, a farmácia leva o remédio, a loja entrega a roupa, e a pet shop leva e traz o bichinho de estimação da família”, observa.

Para quem gosta de culinária e está sem tempo de ir ao supermercado comprar os ingredientes ou não quer desperdiçar comprando uma quantidade de produtos que não será usada depois, a opção é o delivery Do Eat, idealizado por Daniel Nogueira, que ingressou no mercado no fim de 2014. O publicitário de formação e apreciador de culinária explica que o consumidor compra a receita com os ingredientes, todos frescos, picados, na quantidade recomendada. “A ideia é que ele seja o chef”, frisa Daniel, cuja empresa está em reformulação no momento. “Voltamos em abril”, diz.

Sem mão de obra. A proprietária da Demae Delivery Sushi, Keiko Tanaka, há dois anos aposta nas entregas. “Não pensei em abrir restaurante. Um dos motivos é a dificuldade de conseguir mão de obra de qualidade para o atendimento”, justifica. Outra diferença na comparação com um restaurante físico é a estrutura mais enxuta.

Perspectiva. Para o presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci Júnior, a necessidade de reduzir custos no orçamento familiar está ajudando o segmento de delivery a crescer, mesmo com a crise. “Com o orçamento apertado, as pessoas estão fazendo as contas, prestando mais atenção nos gastos. Para sair é necessário gastar com transporte, seja um táxi ou combustível para colocar no carro. E, muitas vezes, ainda tem o estacionamento”, analisa. Ele acrescenta que a favor do segmento ainda tem a comodidade, em especial, nas grandes cidades.


Minientrevista - Fábio Petruceli, Analista de marketing 
Sebrae Minas



Qual é a perspectiva para o mercado de delivery?

A tendência é de crescimento, tanto por conta de necessidade de conveniência, economia de tempo, segurança e conforto, mais destacadas nos grandes centros, quanto também pela onda do delivery online. Muitos aplicativos aumentam a eficiência do modus operandi que o consumidor tem que cumprir para realizar sua pesquisa, e após a escolha do restaurante ou da loja, realizar a análise das opções e finalmente realizar o pedido. Os aplicativos para celular incorporam todas essas tarefas.

Quais as dificuldades que devem ser superadas?

Um dos grandes desafios é se destacar no mundo de ofertas de varejo delivery. O empresário que quer chegar até seu público vai precisar de ferramentas de comunicação efetivas, e isso inclui um conjunto de ações que pode envolver desde as mídias impressas e tradicionais até as ferramentas web de posicionamento para sites, além da inclusão da empresa em aplicativos específicos para o segmento.
 
Quais as particularidades?

As particularidades incluem a estrutura de apoio e produção, também chamadas de background, pois, por de trás de um site ou anúncio numa ferramenta de busca web, há a necessidade de atendimento ao mundo real. Isso irá implicar em processos de logística/entrega, transporte específico, manter as características do produto, qualidade, mão de obra, sistemas de comunicação e registro e gerenciamento de relacionamento com o consumidor.