Mercado Financeiro

Fiasco do Brasil na Copa cria especulação eleitoral e Bolsa sobe 1,8%

A percepção é de que o ocorrido pode prejudicar a popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT) e, com isso, reduzir suas chances de reeleição em outubro

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 10 de julho de 2014 | 18:51
 
 

A derrota por 7 a 1 do Brasil para a Alemanha pelas semifinais da Copa do Mundo influenciou o mercado de ações brasileiro nesta quinta-feira (10), segundo analistas. A percepção é de que o ocorrido pode prejudicar a popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT) e, com isso, reduzir suas chances de reeleição em outubro.

Isso anima os investidores, que estão insatisfeitos com a gestão das estatais e o intervencionismo do governo em setores estratégicos da economia. Na quarta-feira (9), os ADRs (recibos de ações) de empresas brasileiras negociados nas Bolsas de Nova York subiram fortemente diante da possibilidade de troca de governo.

E, como a BM&FBovespa estava fechada por causa do feriado da Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo, os papéis listados na Bolsa nacional só conseguiram se ajustar ao avanço dos ADRs nesta quinta-feira. A partida entre Brasil e Alemanha ocorreu na terça.

O Ibovespa avançou 1,79% nesta quinta, para 54.592 pontos. As ações da Petrobras estiveram entre as maiores altas do dia.

"O investidor que está comprando a ação de uma empresa quer lucro. Não importa se esse investidor está aqui ou nos EUA. Os ADRs das empresas brasileiras no exterior são mais comprados por estrangeiros, o que mostra que há uma preocupação sobre a eleição tanto entre os investidores do Brasil quando os de fora", diz Luana Helsinger, analista do GBM (Grupo Bursátil Mexicano).

Para Luana, a alta de outras empresas estatais, além da Petrobras, comprova a preocupação política dos investidores, que fez com que a Bolsa brasileira subisse em um dia negativo para os mercados internacionais, afetados pela queda inesperada da produção industrial na França e na Itália e pelo crescimento menor das exportações da China.

Entre as estatais, o Banco do Brasil teve alta de 3,96% (a R$ 26,26 por ação), enquanto as ações preferenciais da Eletrobras avançaram 1,04% (a R$ 10,69 cada).

"Particularmente, acho que o efeito é limitado. O eleitor da Dilma é, no geral, de baixa renda, beneficiado por programas sociais. Ela perde votos na classe alta, mas tem apoio da massa mais humilde", afirma Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.

O economista diz que também contribuiu para o avanço da Bovespa o fato de a agência de classificação de risco Fitch ter reafirmado o rating "BBB" do Brasil, com perspectiva "estável".

"Quando uma das três maiores agências de risco corta o rating de um país [como fez a Standard & Poor's em março deste ano com a nota soberana brasileira], espera-se que as outras duas façam o mesmo. Isso fez com que a medida da Fitch nesta quinta ganhasse uma interpretação ainda mais positiva", completa Hegedus.

Pontas da Bolsa

A ação da companhia aérea Gol liderou as altas do Ibovespa. Os papéis também seguiam o ganho de 6,68% do seu ADR na véspera. Em relatório, o banco UBS ressaltou que a Gol e a TAM não perderão slots lucrativos no aeroporto de Congonhas, após o governo publicar as regras para a redistribuição desses espaços, determinando que as empresas entrantes tenham a maioria deles redistribuídos.

Em sentido oposto, as ações da operadora de telefonia Oi despencaram e encabeçaram a ponta negativa do Ibovespa no dia. Os papéis foram afetados pelos problemas por que passa o Grupo Espírito Santo, um dos principais acionistas da Portugal Telecom --empresa que está em processo de fusão com a Oi.

As ações do Espírito Santo caíram quase 19% nesta quinta e tiveram suas negociações suspensas na Bolsa de Lisboa, que fechou em queda de 4,18%, a 6.105 pontos.

Dólar

No câmbio, o dólar ganhou força em relação às principais moedas internacionais diante da cautela com a economia europeia e sinais de desaceleração na China, além da ata da última reunião do Federal Reserve (banco central americano).

Divulgado na quarta, o documento revelou que a autoridade monetária dos EUA vai encerrar seu programa de estímulo econômico através da recompra mensal de títulos públicos e hipotecários até outubro deste ano, se as condições no país permanecerem favoráveis. Os juros, no entanto, devem continuar perto de zero até 2015.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 0,27% sobre o real, cotado em R$ 2,221 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,36%, para R$ 2,222.

O Banco Central do Brasil deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4 mil contratos de swap (operação que equivale a uma venda futura de dólares), por um total de US$ 198,8 milhões.

A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar 7 mil contratos de swap que tinham vencimento em 1º de agosto, por US$ 346,7 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 18% dos contratos com prazo para o primeiro dia do mês que vem.