Bancos

Greve prejudica correntistas

Clientes relatam dificuldades em retirar cartão novo e de sacar grandes valores; adesão é recorde

Por Juliana Gontijo
Publicado em 28 de setembro de 2016 | 03:00
 
 
Paralisação. Greve completa 23 dias hoje e tem adesão de 74,5% das unidades de BH e região Foto: JOÃO GODINHO

A greve dos bancários completa nesta quarta-feira (28) 23 dias em todo o país. Em Belo Horizonte e em outros 54 municípios que fazem parte da base do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região (Seeb-BH), a adesão chegou a 74,5% das unidades de trabalho – agências, prédios administrativos e de serviços aos clientes. A participação dos bancários foi crescendo no decorrer do tempo, já que o movimento começou com 28,5% de participação. “É a maior greve em adesão da história”, diz a presidente do Seeb-BH, Eliana Brasil.

Nessa terça-feira (27), representantes dos bancários se reuniram novamente com dirigentes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), em São Paulo, para tratar das reivindicações da campanha nacional 2016. Só que não houve acordo e as negociações continuam nesta quarta-feira (28), segundo Eliana. A reunião foi marcada para às 15h. Com isso, a greve continua.

Enquanto o impasse não é resolvido, clientes da instituições financeiras que precisam ir às agências convivem com problemas, embora os meios eletrônicos estejam ajudando a minimizar os efeitos da greve. É o caso da jornalista Sandra Camilo de Carvalho, que está com o cartão múltiplo – débito e crédito – vencido desde o último dia 30. “Só me dei conta no dia 1º de setembro, quando estava fazendo uma compra e o cartão não passou”, diz.

Sem cartão, ela conta com a ajuda de familiares. “Estava fazendo a transferência online pra conta deles e eles sacando. Já fui a minha agência três vezes tentar pegar o novo cartão, já que não mandam pelo correio”, ressalta. Nessa terça-feira (27), ela voltou à agência, mas nada foi resolvido. E para complicar a situação, o aplicativo do banco está com problemas e ela não consegue mais fazer transferência. “A situação agora é outra, tenho que ficar pedindo dinheiro emprestado e dizendo: não sei quando vou te pagar”, lamenta.

A empresária Tâmara Caroline de Souza ressalta que nem todas as transações podem ser resolvidas pelos meios eletrônicos. “Valores maiores, só mesmo no banco. Para o básico, o caixa eletrônico e o internet banking servem”, observa.

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Reflexo

Comércio já contabiliza prejuízos

Os comerciantes da capital estão tendo prejuízo com a greve dos bancários, conforme o diretor do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas BH) Salvador Ohana. “Está atrapalhando os consumidores e os lojistas, que estão com dificuldades de fazer saques”, diz.

De acordo com ele, com a paralisação das instituições financeiras, as vendas no varejo estão contabilizando redução de 10% a 50%. “Já estamos num cenário ruim, em razão da economia do país, com recuo na comercialização de 10% a 30% frente ao ano passado. Agora, com a greve, a situação se agravou”, reclama.

Para o diretor, quem está sofrendo mais com a greve dos bancários são os pequenos e médios empresários, que não oferecem como meio de pagamento o cartão. “É menos uma alternativa”, diz.

Prejuízo

“Se um cheque de um cliente é devolvido por não ter fundos, eu não consigo pegar o documento no banco. A greve está atrapalhando”
Tâmara Caroline de Souza
Empresária

Internet

“A greve atrapalha, pois nem tudo pode ser resolvido pelo caixa eletrônico ou internet, em especial, para valores mais altos”
Júlio César do Espírito Santo 
Consultor de vendas 

Menos vagas

Cortes. Os sindicatos da categoria calculam que o setor bancário fechou 9.104 postos de trabalho de janeiro a agosto de 2016, 51,7% a mais do que no mesmo período de 2015.