O Brasil consumiu 35,5 milhões de toneladas de fertilizantes no ano passado, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Desse total, pouco mais de 20% foram produzidas no país. Os cerca de 80% restantes foram importados.
Aos poucos, Minas Gerais se movimenta para reduzir essa dependência externa. Segundo dados oficiais da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi), nos últimos dez anos o Estado atraiu R$ 1,9 bilhão de investimentos.
“Esse valor vem das informações dos planos de negócios, no entanto, não tenho dúvida que é muito maior, pois algumas empresas fizeram aquisições e outras atualizaram os planos”, explica o diretor do Indi, João Paulo Braga. E realmente é muito mais do que isso.
Apenas a norueguesa Yara está investindo R$ 2,6 bilhões no Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre, no Alto Paranaíba.
A planta química está sendo construída. O objetivo aumentar a produção de fertilizantes fosfatados e diminuir a importação de matérias-primas usadas pelos agricultores brasileiros.
“O investimento permitirá à Yara dobrar a sua capacidade de produção de fertilizantes e o país conseguirá substituir a importação de 400 mil toneladas por ano do composto químico P2O5, reduzindo assim a dependência de importações, além de gerar emprego e renda para a indústria nacional e apoiar a produção de alimentos”, afirma o vice-presidente de produção da Yara, Leonardo Silva.
Na fase de obras, 3.500 pessoas trabalham na construção da planta e da barragem. Quando o complexo entrar em operação, 1.200 empregos serão gerados.
Projetos
Nas regiões do Alto Paranaíba e do Triângulo Mineiro há uma concentração de outros investimentos significativos como fábrica que a Fertilizantes Tocantins (FTO) inaugurou em junho deste ano em Araguari. Foram R$ 91 milhões e a capacidade de armazenamento é de 100 mil toneladas.
“Tudo é para o mercado interno”, garante o gerente de vendas da FTO, Rodrigo Grabalos.
Segundo o gerente, o investimento se justifica pela demanda, associada ao potencial logístico do Estado. “A população mundial está crescendo. O Brasil é um grande exportador de alimentos, ainda tem muitas áreas que não estão sendo usadas e dependem de fertilizantes para aumentar essa produtividade”, avalia Grabalos.
O empreendimento traz uma vantagem inédita no mercado, pois é totalmente integrado com a linha férrea da VLI.
No ano passado, a Verde inaugurou a expansão da fábrica de fertilizantes em São Gotardo, também no Alto Paranaíba, onde explora uma mina de potássio, insumo essencial para o setor.
Segundo o diretor da empresa, Cristiano Veloso, desde a prospecção mineral que começou em 2008, até agora, já foram investidos mais de R$ 200 milhões, incluindo o desenvolvimento tecnológico.
O investimento é promissor, considerando que o Brasil importa atualmente 96% do potássio que consome.
“Nossa capacidade atual é de 20 mil toneladas, mas vamos aumentar para 50 mil toneladas no ano que vem.
Considerando que o Brasil consome 6 milhões de toneladas por ano, esse volume ainda nem faz cócegas, mas o plano é chegarmos a uma produção anual de 2,5 milhões de toneladas em dez anos, isso equivale a uma substituição de 40% das importações”, avalia Veloso.
O potássio é um dos macronutrientes essenciais para as plantas. “Nosso processo é totalmente sustentável. Fazemos a lavra em uma área de pasto degradado, pegamos o mineral emprestado da natureza através da ativação mecânica, depois devolve para os solos através dos produtos”, explica o diretor da Verde.
Crescimento do setor chega à ferrovia
As ferrovias já estão sentindo os efeitos da boa safra de investimentos no setor de fertilizantes. Com integração logística na nova fábrica da FTO, a VLI terá um aumento de 20% no total de fertilizantes transportados pelos trilhos da VLI, de Vitória a Araguari, no Triângulo.
A matéria-prima vem do porto de Tubarão (ES), passa pelo terminal e chega à fábrica por meio de uma interligação por correias. “É um empreendimento inédito no Brasil, que traz mais agilidade. Assim, liberamos espaço e ampliamos a capacidade de armazenamento”, explica a gerente comercial da VLI, Juliana Telles.
“A velocidade de chegada da matéria-prima é de 30% a 50% maior em relação a uma unidade tradicional”, explica Rodrigo Grabalos, diretor da FTO.
Dados do setor
Fertilizantes entregues
(em milhões de toneladas)
2015: 30,2
2016: 34,08
2017: 34,43
2018: 35,5
Importações
(em milhões de toneladas)
2015: 9,1
2016: 9
2017: 8,18
2018: 8,16
Faturamento de 2018:
R$ 7,6 bilhões
Variação X 2017: 19%
Distribuição por tipos:
Foliar: 71%
Organomineral: 12%
Condicionador de solo: 10%
Orgânico: 4%
Substratos para plantas: 3%
Maiores consumidores
Soja: 47%
Hortifruti: 11%
Milho: 9%
Café: 9%
Cana: 6%
Fonte: Anda/Abisolo
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