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Inflação em alta reforça aposta em aumento de juros

Com o aumento do juro básico, o governo tenta conter a inflação, já que tomar crédito fica mais caro, tanto em instituições financeiras como no comércio

Por Folhapress
Publicado em 20 de março de 2015 | 12:20
 
 
Neste ano, a mais recente pesquisa do Banco Central com economistas (boletim Focus) projeta que o país tenha retração de 0,78% do PIB Foto: arquivo stockxpert

O resultado do IPCA-15, que subiu 7,9% em 12 meses até março, reforçou no mercado a expectativa de mais uma elevação do juro básico (taxa Selic) na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em abril. Após aumento de 0,50 ponto percentual no último dia 4, a Selic subiu para 12,75% ao ano.

Com o aumento do juro básico, o governo tenta conter a inflação, já que tomar crédito fica mais caro, tanto em instituições financeiras como no comércio.

"Com os dados de inflação, o mercado espera outro aumento de 0,50 ponto percentual na próxima reunião", diz Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners.

Apesar dessa perspectiva, a avaliação é que o ciclo de aperto monetário do Banco Central deve estar perto do fim, devido à fraca atividade econômica do país. Na próxima sexta-feira (27), o governo divulga a primeira prévia do PIB (Produto Interno Bruto) de 2014.
No terceiro trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 0,1%, abaixo das expectativas.

Neste ano, a mais recente pesquisa do Banco Central com economistas (boletim Focus) projeta que o país tenha retração de 0,78% do PIB.

Como investir

Com a inflação elevada, as aplicações atreladas ao IPCA ganham apelo entre os investidores, afirma o planejador financeiro Bruno Amaral Azevedo. Em especial as NTN-B (Notas do Tesouro Nacional Série B), que têm remuneração baseada no índice e uma taxa de juros prefixada.

"São papéis acessíveis, mas é preciso estar preparado para a oscilação do preço do título. Quem compra uma NTN-B pode ver o valor de revenda diminuir durante o período de aplicação. Mas se o investidor entender que ao manter a aplicação até o vencimento ele vai receber a inflação mais os juros anuais contratados no momento da compra, pode perceber que é uma boa maneira de proteger o capital", afirma.

Além dos títulos públicos, há opções como debêntures (títulos de dívida privados). "É preciso, nesse caso, avaliar o risco do emissor do papel. No título público, o risco é baixo -de calote do governo. O investidor tem que ter cautela e avaliar a empresa emissora, que terá de honrar o pagamento", acrescenta o planejador financeiro.

De maneira geral, os títulos privados têm de oferecer taxas de remuneração maiores que os públicos para atrair investidores que, de outro modo, aplicariam seu dinheiro nos títulos do governo. "Mas se a taxa estiver muito acima da oferecida nos títulos públicos ou destoar das demais remunerações oferecidas por debêntures no mercado, suspeite", diz.

Ainda no universo de títulos privados, há as chamadas debêntures incentivadas, isentas de Imposto de Renda para pessoa física.

E se o investidor optar por aplicações que remunerem um percentual do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro, taxa de juros de empréstimos entre instituições financeiras), também pode aproveitar o aumento da inflação, diz Azevedo.

É o caso de CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) -as duas últimas isentas de IR. "Quando o juro sobe, o DI também sobe, e essas aplicações pagam mais", diz.

Na contramão, o investidor que optar por deixar os recursos na poupança pode perder dinheiro. No acumulado de 12 meses até fevereiro, a caderneta rendeu 7,01%, ante um IPCA de 7,7%. "O investidor perdeu poder de compra. E a tendência é que isso continue acontecendo em boa parte do ano", ressalta.

Pela regra, a poupança rende 6,17% ao ano mais TR (Taxa Referencial) sempre que o juro básico estiver acima de 8,5% ao ano. A previsão para o IPCA em 2015 é alta de 7,93%, de acordo com a última pesquisa semanal do Banco Central do economistas (boletim Focus).