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Investimento em aeroportos regionais cada vez mais difícil

Governo federal tira terminais no interior da lista de prioridade e Minas tenta alavancar alguns poucos

Sáb, 13/06/15 - 07h00
Exemplo. Aeroporto de Diamantina não tem voos comerciais desde 2012; opera apenas executivos | Foto: Prefeitura de Diamantina/divulgação

O governo estadual não aprofunda no assunto, o governo federal não incluiu no pacotão de infraestrutura e as companhias aéreas não têm interesse pela inviabilidade econômica. Assim, os prometidos aeroportos regionais pelo interior de Minas Gerais ficam cada vez mais só na promessa, muitos, só chegam a funcionar para voos executivos.

Em 2012, a então meta do governo mineiro era ligar, através de voos comerciais regulares, Belo Horizonte com mais 18 cidades do interior até 2015. A ideia era que aeroportos de 30 cidades estivessem aptos a receber voos comerciais. A realidades de 2015 são dez aeroportos com aviação comercial regular de passageiros funcionando: Confins, Pampulha, Uberlândia, Montes Claros, Regional da Zona da Mata, Ipatinga (Usiminas), Governador Valadares, Uberaba, Araxá e Patos de Minas. E mais um a partir de 6 de julho, quando Divinópolis entre em operação.

O governo mineiro, através da Secretaria de Transportes e Obras Públicas (Setop), informou que as obras que foram iniciadas e paralisadas no governo anterior devem ser finalizadas antes que novos empreendimentos tenham início. E entre as obras paralisadas que terão ordem de reinício estão Itajubá e Patrocínio. Nesta quinta foi publicado o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para a concessão do Aeroporto da Usiminas, localizado em Santana do Paraíso. A secretaria não informou os valores que devem ser investidos este ano e não informou se o Programa Aeroportuário do Estado de Minas Gerais, o ProAero, será mantido. A Setop ressaltou que todos os investimentos em aeroportos localizados no Estado são atrelados ao Programa de Investimentos em Logística (PIL).

Só que o Programa de Aviação Regional – lançado pela presidente Dilma Rousseff em dezembro de 2012 – ainda não decolou, já que nenhum projeto foi aprovado e nenhum terminal recebeu recursos no país. Para Minas Gerais, foram anunciados R$ 815,1 milhões para melhoria e construção de 33 aeroportos no interior de Minas. Na reedição do programa, anunciada na última terça-feira, nenhum aeroporto de Minas entrou na lista de investimentos.

Conforme informações da Secretaria de Aviação Civil (SAC), os recursos seriam provenientes do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), que não está vinculado ao Orçamento Geral da União e que estariam garantidos. Entretanto, a viabilidade das obras esbarra no ajuste fiscal do governo federal.

“Se a estrutura dos aeroportos de diversas capitais do país deixa a desejar e o governo acabou passando a concessão de vários para a iniciativa privada, imagina a situação dos aeroportos regionais”, observa o professor do curso de ciências aeronáuticas da Universidade Fumec, Reinaldo Alves.

O professor do curso de pós-graduação em logística do Ibmec/MG, Ricardo Marques Braga, ressalta que o cenário econômico vivido hoje no país não é dos mais favoráveis aos investimentos. “Não quer dizer que não vá sair, mas está mais difícil”, diz.

Além dos recursos para as obras nos aeroportos no interior, a aviação regional esbarra, conforme Alves, na viabilidade econômica. “Se a ocupação é baixa, o preço da passagem é mais alto. Por isso é que há situações de passagens para o interior mais caras que para as capitais”, frisa. E foi justamente as rotas economicamente não viáveis que fez a Azul Linhas Aéreas a deixar de operar em Diamantina (Vale do Jequitinhonha) e São João del Rei (Central).

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