Maior produção

Investimentos estão de volta

Reativação da antiga MMX, volta da Samarco e expansão da Anglo agitam o mercado

Dom, 02/04/17 - 03h00
Ex-MMX. Mina reativada pela Morro do Ipê já iniciou processos de contratações em Brumadinho, São Joaquim de Bicas e Igarapé | Foto: Moisés Silva/26.8.2015

Reativação da antiga mina da MMX na divisa de Brumadinho com Igarapé, na região metropolitana; volta das operações da Samarco; e investimento bilionário em Conceição do Mato Dentro, na região Central do Estado. “Ainda está no campo na expectativa, mas vai acontecer. A partir do momento em que o capital estrangeiro passa a acreditar no Brasil outra vez, o cenário muda e com certeza tem investimentos”, destaca o presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), Vitor Penido.

Na sombra da retração econômica, as cidades torcem para que essas promessas de emprego se transformem em realidade. No entanto, alguns projetos vão demorar mais do que o previsto. No começo deste ano, tanto a Samarco quanto o consórcio formado pela Trafigura, da Holanda, e pela Mubadala, dos Emirados Árabes, apostavam em reativar as minas no segundo semestre. Agora, as datas não estão mais tão certas.

Para voltar, a Samarco precisa de uma licença ambiental para a cava de rejeitos Alegria Sul e de uma Licença Operacional Corretiva (LOC) para validar as licenças suspensas após o rompimento da barragem de Fundão, em 2015. A da cava está na fase final para a concessão. Já a LOC depende de uma carta de anuência dos municípios envolvidos no empreendimento. Mas a Prefeitura de Santa Bárbara ainda não a concedeu. Como a mineradora precisará de seis meses após a liberação da licença para preparar as operações, a reinauguração ainda está sem data para ocorrer. Quando acontecer, a Samarco estima a criação de 500 empregos indiretos.

No caso da antiga mina da MMX, a atual administradora Mineração Morro do Ipê afirma que está tecnicamente apta a iniciar a produção comercial. “A produção, no entanto, começará apenas quando todas as aprovações legalmente exigidas forem obtidas”, afirma a assessoria de imprensa. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (Semad), de janeiro a março deste ano, foram 220 pedidos de licenças para projetos de mineração. Mas o específico para essa mina ainda não foi protocolado.

Enquanto são aguardadas as licenças ambientais, os preparativos estão a todo vapor. A Morro Ipê contratou seus principais executivos e está selecionando cerca de 200 colaboradores diretos. “Os empregos serão divididos entre Brumadinho, São Joaquim de Bicas e Igarapé. Ainda assim, a expectativa é que traga benefícios diretos e indiretos, tendo em vista que vivemos um momento de crise e todos os empregos gerados são importantes para o município”, destaca a Prefeitura de Brumadinho, por meio de nota.

A Anglo American também anunciou um investimento de R$ 1 bilhão para a fase 3 do projeto Minas-Rio. O total de vagas não foi informado, mas o presidente da empresa, Ruben Fernandes, garantiu que o quadro será ajustado.

As promessas

Samarco: pretende retomar as operações em Mariana, com criação de 500 empregos indiretos e manutenção de 1.800 postos em MG e ES.
Anglo American: vai investir R$ 1 bilhão na fase 3 do Minas-Rio, em Conceição do Mato Dentro. Não informou total de vagas.
Mineração Morro do Ipê: está apta a reabrir a mina com capacidade anual de até 6 milhões de toneladas. Vai gerar 200 empregos diretos.


Vale está com foco na redução da dívida

A Vale não anunciou novos investimentos em Minas Gerais para 2017, mas, na esteira da valorização do preço do minério de ferro, a empresa está otimista e vai focar a redução da dívida líquida. “Quero deixar claro que não se trata de uma desaceleração de investimento em Minas. Passamos um longo período investindo e agora estamos na fase de atingir a produção. Tudo o que se previa foi feito”, afirma o diretor de ferrosos da região Sudeste da Vale Antônio Padovezi.

Das 348 milhões de toneladas de minério produzidas pela Vale em 2016, 198 milhões saíram de Minas. Já em relação à receita, a maior parte vem do S11D, minério de alto teor produzido no Pará.

Em teleconferência para investidores, o diretor executivo de metais básicos da Vale Peter Poppinga destacou que 2017 será melhor devido ao aumento da demanda de aço e ao balanceamento dos estoques da China. Neste mês, a mineradora teve sua nota elevada pela agência de classificação de risco Moody’s.

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