Carro-chefe

Jiboia é réptil mais procurado para ser animal de estimação

Criador de Esmeraldas vende nove variedades de cobras pela internet para todo o Brasil

Dom, 08/10/17 - 03h00

O que você leva em conta na hora de escolher um animal de estimação? Docilidade e manejo fácil? Se forem esses seus critérios, o bichinho selecionado pode ser uma jiboia. E você pode conseguir o pet pela internet. Existem apenas três criatórios legalizados no país, e um deles é o Jiboias Brasil, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os donos de jiboias alegam que, ao contrário do estereótipo, o animal é dócil e fácil de cuidar.

O médico veterinário Antônio Maurício Pires é um dos que optaram por um pet diferente do convencional. Há dois anos, ele comprou uma jiboia-arco-íris-do-cerrado. “Eu sempre gostei de animais diferentes. Entre as vantagens estão a docilidade e o fácil manuseio. Tenho um sobrinho de 5 anos que manipula a jiboia, não tem perigo”, diz.

Ele alimenta o animal apenas a cada 15 dias com presas congeladas provenientes de um criatório de camundongos. “É possível comprar (o alimento) pela internet”, observa. São dois camundongos abatidos e congelados por quinzena, a um custo de R$ 5 cada. Pires explica que a quantidade de roedores varia de acordo com o peso da serpente. “O custo para manter o animal é muito baixo. Além da alimentação, tem só a água e o gasto com eletricidade para manter uma pedra quente no terrário”, observa. O terrário, que pode ser de vários materiais, é o local onde fica a serpente. No caso dele, é de vidro. “É como se fosse um aquário”, diz.

Ele ressalta que a jiboia é um animal que surpreende. “Pode ser para o bem ou para o mal. Tem gente que acha interessante, quer saber mais, outras pessoas têm asco”, conta.

Sua fêmea tem hoje 1,2 metro. “No caso dessa espécie, na fase adulta, aos 5 anos, ela pode chegar a ter 1,6 m. Quando ela chegou pesava 95 gramas. Agora, está pesando 700 g. Com o crescimento, o animal troca de pele”, conta.

O sócio do criatório Jiboias Brasil Tiago Lima não apenas vende: ele tem duas jiboias em casa, que convivem com seus filhos de 1 e 5 anos. “Sempre gostei de animais diferentes”, frisa. Ele destaca que a cobra é ideal para pessoas com pouco tempo para se dedicar ao animal. “Como a alimentação é feita num intervalo longo – de dez a 15 dias para filhotes e de 20 a 60 dias para uma adulta –, é possível viajar, por exemplo, sem se preocupar. É só deixar água”, explica.

 

Répteis são vice-líderes dos exóticos

Entre os pets silvestres e exóticos, os répteis ocupam o segundo lugar na preferência dos consumidores, só perdendo para as aves, segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores e Comerciantes de Animais Silvestres e Exóticos (Abrase), Luiz Paulo Amaral. “Entre os répteis, a jiboia é o carro-chefe”, observa.

O veterinário especializado em animais não convencionais Pablo César Pezoa Poblete recomenda que os interessados procurem informações antes de adquirir um animal. “O cuidado com um réptil não é o mesmo que com um cão”, lembra. Ele, claro, garante que a jiboia não é perigosa.

 

Criatório planeja chegar a 100% da capacidade 

O criatório Jiboias Brasil está investindo em estrutura e tecnologia para aumentar a produção, segundo o sócio do empreendimento Tiago Lima. “Hoje trabalho com 30% da minha capacidade. Pretendo chegar a 100% no prazo de três anos”, diz.

O criatório já fez entregas em quase todo o país, sendo São Paulo o maior mercado consumidor, com cerca de 40% dos negócios, seguido por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília.

O preço do filhote começa em R$ 2.000. O valor, que pode ser dividido em até 12 vezes no cartão, varia de acordo com espécie, tamanho e tipo de coloração da pele. “Já vendi uma jiboia por R$ 6.000”, conta. São nove variedades da serpente comercializadas pela internet.

Lima frisa que, além de ser perigoso, adquirir um animal ilegal é crime ambiental. No caso de uma jiboia, o valor da multa é de R$ 5.000, superior ao cobrado por uma serpente adquirida legalmente.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.