Combustível

Litro da gasolina pode se aproximar de R$ 7 em BH com aumento da Petrobras

O reajuste divulgado pela Petrobras fará com que o preço médio do litro passe de R$ 2,78 para R$ 2,98 na relação com as distribuidoras

Por Lucas Negrisoli e Gabriel Rodrigues
Publicado em 08 de outubro de 2021 | 14:14
 
 
GASOLINA-G Foto: MARIELA GUIMARAES / O TEMPO

Atores do mercado de combustível em Belo Horizonte e região metropolitana consideram possível que o valor do litro da gasolinavnos postos chegue perto da marca dos R$ 7,00. 

Dois fatores contribuem para a perspectiva. Primeiro, o aumento médio de R$ 0,20 por litro para distribuidoras na gasolina anunciado pela Petrobras nesta sexta-feira (8). 

O segundo, é a tradição de que os estabelecimentos aproveitem períodos de alto consumo, como feriados prolongados, a exemplo do próximo 12 de outubro, para encarecerem os combustíveis. 

Em Minas Gerais, o preço médio até a manhã de sexta era de R$ 6,316, de acordo com a Petrobras. Na última semana, em Belo Horizonte, a média foi de R$ 6,28, conforme o Mercado Mineiro. Contudo, alguns postos, pontua o site de pesquisa, já praticam cobranças extras de R$ 0,10 a R$ 0,15 na capital.

O reajuste divulgado pela Petrobras fará com que o preço médio do litro passe de R$ 2,78 para R$ 2,98 na relação com as distribuidoras.

Em comunicado, a empresa afirmou havia estabilidade de 58 dias Petrobras informou que o período de estabilidade foi de 58 dias e que "esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento”. 

Ao levar em consideração a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço da gasolina na bomba passará a ser de R$ 2,18 por litro em média – variação de R$ 0,15 por litro.

Em Belo Horizonte, considerando apenas o repasse relativo ao feriado, o preço seria de R$ 6,28 mais R$ 0,15, referente à alta da Petrobras, mais R$ 0,15, referente ao aumento devido à demanda – resultando em média teórica de R$ 6,68. Com repasses ainda mais robustos que devem ocorrer com a alta nos preços, a marca dos R$ 7 está cada vez mais próxima.

Feriado pode impulsionar preços da gasolina

Antes mesmo do aumento oficializado pela Petrobras, a véspera do feriado já impulsionava aumento do preço da gasolina em BH. A média de preço na cidade, nesta semana, foi de cerca de R$6,28, segundo o administrador do site de pesquisas de preço Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, mas alguns postos já cobram R$0,10 a R$0,15 a mais. 

“É muito tradicional o aumento acontecer antes de feriados, porque Belo Horizonte é uma capital interiorana, e muitas pessoas viajam no feriado para visitar parente e ir para sítios. O posto não diz que aumentou o preço, mas fala que tirou a promoção”, detalha Abreu.

Com valores muito próximos em toda a cidade, das regiões mais ricas às periferias, Abreu avalia que o consumidor está com menos opções para tentar economizar. “Do menor para o maior preço, a diferença é de 9%, 10%. Para um capital como BH, isso parece o interior”, pondera.

Sindicato de donos de postos lamenta aumento

Em nota à reportagem, o Minaspetro, que representa donos de postos de combustível em Minas Gerais, defendeu a política da Petrobras, de “alinhamento dos preços de produção com os valores do barril de petróleo no mercado internacional”, mas lamenta os aumentos anunciados em 2021. O Minaspetro ressaltou que não comenta preços de combustíveis.

“O Minaspetro acredita que essa livre oscilação é saudável, tendo em vista que as comodities têm liberdade de variação, e intervenções governamentais não é a melhor estratégia a ser seguida. No entanto, a entidade lamenta os sucessivos aumentos praticados este ano e informa que o elevado preço dos combustíveis no Brasil é nocivo também para o empresário varejista, que necessita de maior capital de giro para compor o estoque, além de claramente registrar forte redução das vendas na pista”, diz o sindicato. 

“O Minaspetro tem se comunicado com o governo de Minas com o objetivo de solicitar o congelamento do PMPF, índice que incide o ICMS, para que se contenham os aumentos dos preços. Os donos de postos, assim como os consumidores, lamentam os sucessivos aumentos, uma vez que o alto preço dos combustíveis representa, diretamente, em queda das vendas nas pistas de abastecimento”, acrescenta. 

Alta a consumidor de GLP pode superar os 7% de reajuste da Petrobras, diz Abragás

A Petrobras reajustou em 7% o preço do botijão de gás em suas refinarias. Mas, para o consumidor final, o aumento deve ser maior do que esse, segundo a Associação Brasileira das Entidades Representativas da Revendas de Gás LP (Abragás). Além de uma possível recuperação da margem das distribuidoras, os revendedores falam que precisam cobrir altas de custos, entre eles, os dos combustíveis, utilizado no transporte do botijão. 

"Os aumentos de preços além de pesar muito aos consumidores atingem diretamente o capital de giro dos revendedores, quanto mais caro o gás, mais dinheiro precisamos colocar no caixa para sustentar o fluxo", afirmou a entidade em nota. 

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás) também vê pressão de custos sobre a revenda, com possível repercussão para o consumidor. 

"Com este percentual, vemos pressão muito forte sobre as revendas, que terão dificuldade de repassar seus custos, já elevados pelo preço do diesel e gasolina, insumos importantes para eles. Temos que observar se haverá retração na demanda", diz o presidente da entidade, Sérgio Bandeira de Mello. (Estadão Conteúdo)