Balanço

Na indústria, Norte de Minas é único com resultado positivo

Alta do faturamento na região foi de 78,5% em junho frente a igual mês de 2015, segundo a Fiemg

Ter, 23/08/16 - 03h00
Sem parar. Em Montes Claros, a fábrica da Alpargatas manteve a produção das sandálias Havaianas | Foto: Mario Castello - 23.11.2015

Enquanto a indústria em todo o país amarga índices negativos, o Norte de Minas Gerais foi a única região do Estado com faturamento positivo em todas as bases de comparação, segundo a mais recente pesquisa Indicadores Industriais (Index) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Em junho, frente a igual mês de 2015, a alta foi de 78,5%, enquanto que a média do Estado foi de retração de 2,7%.

Para o gerente da Fiemg regional Norte, Ézio Darioli, vários fatores ajudam nos bons resultados da atividade na região, entre eles, o retorno da atividade de uma empresa do segmento metal-mecânico em Pirapora. “O custo da energia estava alto. Assim, essa indústria estava com as atividades paralisadas”, diz Darioli.

Ele também frisa que a diversificação da indústria da região nos últimos anos contribui para o desempenho favorável. No fim do ano passado, por exemplo, foi inaugurada a fábrica de café em cápsula da Nestlé Dolce Gusto, em Montes Claros. E, neste ano, no mesmo município, está sendo construída a planta de café em cápsulas Três Corações. “A Alpargatas vem mantendo a produção e o segmento farmacêutico tem sido favorecido pelas exportações”, observa o gerente da Fiemg.

Pesa na escolha das empresas o fato de a região estar na área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Isso contribui para a atração dos investimentos, já que são oferecidas vantagens fiscais. Darioli ressalta que ajudou no resultado da região Norte do Estado o aumento nas vendas internas e, especialmente, nas exportações, do setor têxtil nos seis primeiros seis meses do ano, de 0,3%. Esse percentual também foi o mesmo no segmento de alimentação.

Média expressiva. Na média da região, o resultado foi ainda mais expressivo, com alta de 44% nos primeiros seis meses do ano, enquanto que a média mineira teve recuo de 11,9%. Nas seis regiões analisadas pela Fiemg – Norte, Sul, Triângulo, Zona da Mata, Centro-Oeste e Leste –, o pior resultado no acumulado dos seis primeiros meses do ano frente a igual período de 2015 foi da Zona da Mata (-16,1%). Com exceção do Norte, todas as regiões tiveram recuo no faturamento real.

A economista da Fiemg Annelise Fonseca diz que a melhora no faturamento de junho frente a maio foi quase generalizado entre as regiões. As quedas foram verificadas nas regiões da Zona da Mata (-3%) e Centro-Oeste (-1,9%). A média foi de alta de 7,5%.

Depois de apresentar queda de 16% em 2015, a previsão da entidade para o faturamento médio da indústria mineira é de queda de 11,5% neste ano. Percentual que pode ter alteração, já que a Fiemg faz uma revisão dos números no segundo semestre. Nos 12 meses encerrados em junho, a queda do faturamento chega a 14,7%. No primeiro semestre, o recuo foi de 11,9%, tendo em veículos automotores a maior influência negativa (-9,2 pontos percentuais) e a maior variação negativa (-43,5%) no indicador.

Capacidade

Em alta. O uso da capacidade instalada aumentou na região. Em maio, chegou a 72,7% e, em junho, 77,1%. O resultado de junho foi superior ao de igual mês de 2015, quando era de 44,9%. 

Expectativa

Empresário está mais confiante

O empresário da indústria está com expectativas melhores para a demanda, segundo sondagem feita pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Em agosto, a avaliação dos empresários chegou a 54,1 pontos, acima dos 52,3 pontos do mês anterior. Foi o segundo mês consecutivo em que o indicador supera a linha divisória dos 50 pontos. O indicador da entidade varia no intervalo de 0 a 100, sendo que valores acima de 50 indicam expectativa de evolução positiva do indicador.

Conforme o levantamento, em agosto, as indústrias de todos os portes exibiram otimismo em relação à evolução da demanda. Só que, para as empresas de grande porte, as perspectivas foram melhores, com o terceiro mês consecutivo com indicador acima dos 50 pontos.

Para a economista da Fiemg, Annelise Fonseca, a melhora na perspectiva da demanda é fruto do tradicional aquecimento dos negócios no segundo semestre, além da melhora nas condições dos negócios. Ainda assim, a previsão da Fiemg para este ano é de queda no faturamento (-11,5%). “Os empresários esperam aumento na demanda por produtos nos próximos seis meses”, observa Annelise.
No que se refere ao emprego, os empresários mineiros continuam pessimistas, de acordo com o resultado de 48 pontos atingido pelo índice. Só que, embora o indicador ainda esteja abaixo dos 50 pontos, sua trajetória vem acumulando aumentos sucessivos ao longo do ano. Esse resultado indica que as empresas esperam queda no emprego, porém em grau mais moderado do que nos meses anteriores.

E o indicador de intenção de investimento atingiu 41,7 pontos em agosto, permanecendo abaixo de sua média histórica (43,2 pontos). (JG)

Em estudo

Programa de Proteção ao Emprego (PPE):
O Planalto avalia aumentar o subsídio para assegurar postos de trabalho enquanto as empresas permanecerem em crise.

As alternativas incluem ampliar os recursos retirados do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), hoje usados no programa para bancar 50% da redução dos custos salariais das empresas participantes

Mercedes negocia, e Fiat dá licença remunerada em Betim

A indústria automotiva continua buscando solução para a crise. Os funcionários da Mercedes-Benz autorizaram o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista a apresentar à montadora um acordo que inclui um Plano de Demissão Voluntária. A proposta também prevê o uso do Programa de Proteção ao Emprego e do layoff. As medidas têm o objetivo de evitar a demissão de 2.000 trabalhadores já anunciada pela companhia.

Em Betim, a Fiat Chrysler Automóveis (FCA) irá conceder licença remunerada de dez dias a cerca de 4.000 empregados da Fiat, a partir de amanhã. O objetivo, diz a montadora, é ajustar a produção à demanda de mercado.