Previdência

Negociação agora é para tentar aprovar neste ano

Temer tem pressa, mas evita se comprometer com data; 6 de dezembro era a ideia inicial

Qui, 23/11/17 - 01h59
Aécio Neves vai identificar deputados tucanos contrários à reforma | Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO – 15.8.2017

BRASÍLIA. Agora que há consenso – a grande reforma da Previdência vai se resumir a poucos pontos –, o governo precisa correr para aprovar antes que o calendário eleitoral de 2018 torne a votação impossível. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), havia estipulado o dia 6 de dezembro para a votação em plenário da proposta em primeiro turno, mas o próprio Palácio do Planalto é cético sobre essa possibilidade. Na quarta-feira (22), o presidente Michel Temer evitou se comprometer com uma data para a votação.

Em reunião com ministros e governadores, de acordo com relatos de presentes, o peemedebista disse que iniciará uma contagem na base aliada e colocará em votação apenas quando alcançar uma margem segura. Para aprovar, o governo precisa ter, no mínimo, 308 votos a favor. No entorno do presidente, há quem admita que não votar o texto até o fim deste ano vai inviabilizar a tramitação da proposta em 2018.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acredita que a possibilidade de votar o novo texto é grande. Mas não será fácil. O líder do PSB, Júlio Delgado, disse que seu partido vai obstruir as votações na Câmara para barrar análises ligadas à reforma da Previdência.

Horas antes do jantar com Temer e a base aliada, o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), disse que não há chances de a reforma da Previdência ser aprovada. “Não adianta, ninguém vai votar a Previdência”, decretou.

Ramalho contou que conversou informalmente com mais de cem deputados e que só três disseram que votariam a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Para o peemedebista, o governo não chega a conquistar sequer cem votos, ficando muito longe dos 308 necessários para aprovar a PEC em dois turnos. “Se tiver cem votos (a favor da PEC) é muito”, estimou.

O deputado é conhecido na Câmara por circular bem entre diversas alas, tanto do governo quanto da oposição. “Eu converso com esse povo um a um. A qualquer um que se pergunta, eles não querem votar”, concluiu.

Rodrigo Maia disse na manhã desta quarta-feira que ainda é preciso conversar com deputados e líderes partidários para definir a viabilidade da votação. Indicando posição favorável à votação até o mês que vem, ele defendeu que as distorções da Previdência Social sejam combatidas ainda neste ano. “A reforma da Previdência não interessa ao governo, mas sim aos brasileiros mais pobres”, disse na posse do ministro Alexandre Baldy. “O maior programa de transferência de renda não é o Bolsa Família, mas sim a Previdência, onde os pobres financiam os ricos”, concluiu.

 

Temer aponta Aécio como articulador

BRASÍLIA. Com dificuldades junto à base aliada, o presidente Michel Temer escalou o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) para atuar como uma espécie de articulador e tentar reduzir as resistências à votação da reforma da Previdência. Em encontro fora da agenda oficial, o peemedebista se reuniu com o senador na manhã de quarta-feira.

Na terça-feira, o tucano disparou telefonemas para deputados da sigla, pedindo voto a favor. A ideia é que o senador identifique parlamentares resistentes à iniciativa para que o presidente os convoque para conversas particulares. O receio de Temer é que um eventual desembarque do PSDB do governo interfira no placar. Segundo relatos, o senador tem afirmado que o grupo do partido que defende a saída da Esplanada dos Ministérios é contrário à agenda de reformas.

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