Água

Obra menor e bem mais cara  

Copasa aplicará R$ 128 mi em 6 km de adutora; empresa de Pará de Minas gastará R$ 45 mi em 28 km

Dom, 31/05/15 - 03h00

Duas obras estratégicas na bacia hidrográfica do rio Paraopeba que prometem solucionar os problemas da crise hídrica na região metropolitana de Belo Horizonte e em Pará de Minas, apesar de sua semelhança técnica, chamam a atenção pelos valores bem distintos. Uma, que custará R$ 128,4 milhões, é a construção de uma adutora de seis quilômetros para captação de água do rio, em Brumadinho, para a Estação de Tratamento do rio Manso, feita pela Copasa. A outra obra no mesmo rio, no valor de R$ 45 milhões, é para a instalação de uma adutora de 28 quilômetros em Pará de Minas e está sendo feita pelo Grupo Águas do Brasil, empresa privada que passou a operar, desde o último mês, os serviços de água e esgoto da cidade.

Os números mostram que a intervenção da Copasa terá um custo três vezes maior do que o da empresa, para uma adutora 4,6 vezes menor. As duas obras tiveram anúncios de início em maio, mas os cronogramas estão em ritmos diferentes. Enquanto Pará de Minas, em três semanas desde o início da obra, já possui três quilômetros de tubulações concluídos, a Copasa, até sexta-feira (29), último dia útil do mês, ainda não havia iniciado a execução.

Mesmo em fase de estudo, por meio de sua assessoria de imprensa, a Copasa garante que, até dezembro, o abastecimento na capital e região ganhará um reforço de até cinco metros cúbicos por segundo a mais, o que fornecerá mais água para a população. Procurada para saber se a obra começaria ainda neste fim de semana (30 e 31 de maio), a estatal não esclareceu. Em uma nota enviada à reportagem, a resposta foi que “a intervenção está programada para começar ainda no primeiro semestre de 2015”.

Já em Pará de Minas, que sofre com desabastecimento de água há pelo menos três anos por causa de uma briga entre prefeitura e Copasa, o recurso hídrico será captado no distrito de Córrego do Barro. As intervenções estão em andamento e têm prazo de conclusão de um ano, segundo o diretor da empresa no município, Thiago Contage. A capacidade de adução será de 284 litros por segundo.

Desde que assumiu, a concessionária Águas de Pará de Minas promete investir cerca de R$ 230 milhões, em 35 anos, na região. Nos dois primeiros anos, de acordo com a empresa, o aporte será de R$ 90 milhões. Para ampliar a capacidade de armazenamento de água da cidade em 5 milhões de litros, a empresa antecipou a construção de um primeiro reservatório, com capacidade de 2 milhões de litros, previsto para o segundo ano de gestão. O projeto executivo já foi concluído e as obras serão iniciadas já no primeiro ano de concessão.  A prefeitura tem direito a 2,5% de outorga sobre a arrecadação mensal da empresa e 1% para a manutenção da agência reguladora.

POLÊMICA. Após mais de cinco anos de entraves, a Prefeitura de Pará de Minas conseguiu em abril na Justiça que o Grupo Águas do Brasil, vencedor da licitação, assumisse os serviços de abastecimento de água e esgoto na cidade.

O município alegou que a Copasa não fez reservatório na cidade, não investiu em sistemas de captação da água e também, na modernização da rede de distribuição. No entanto, ainda corre no Tribunal de Justiça a ação movida pela companhia, que pede uma indenização de R$ 85 milhões pelos ativos que possui no município.

Execução

PPP. A Copasa deverá executar a obra de captação do Paraopeba por meio de parceria público-privada, firmada pelo governo de Minas Gerais com a construtora Odebrecht.

Em nota
“Em parceria com o Governo de Minas Gerais, a Copasa irá executar uma obra de captação de água no Rio Paraopeba, com bombeamento para a Estação de Tratamento de Água do Rio Manso. A intervenção está em fase final de estudos e prevista para começar ainda neste mês de maio”. Informações da Copasa divulgadas na última sexta

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.