Custo de vida

Ônibus caro fez BH ter a maior inflação do Brasil em janeiro

Só nas duas últimas semanas do mês, índice inflacionário passou de 0,92% para 1,04%

Sex, 03/02/17 - 02h00

Desde que o ano começou, a dona de casa Jane Alexandre, 43, pensa duas vezes antes de sair de casa. “A passagem de ônibus aumentou tanto que às vezes fica mais barato comprar no bairro mesmo, do que pagar para ir procurar preços mais baixos no centro. Agora eu estou deixando para resolver várias coisas no mesmo dia, para não ter que pagar tanta passagem”, conta Jane. O ônibus dela subiu R$ 0,35. Por dia, são R$ 0,70 a mais. No fim de um mês, o orçamento fica R$ 14 mais caro. O aumento da tarifa de ônibus foi um dos principais vilões e fez com que Belo Horizonte registrasse a maior inflação do país em janeiro.

Só nas duas últimas semanas do mês, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) medido pelo instituto Ibre da Fundação Getúlio Vargas (FGV) subiu de 0,92% para 1,04%, o mais alto entre as sete capitais pesquisadas.

Além do aumento de 9% que fez a capital mineira ter a passagem de ônibus mais cara do Brasil, o reajuste do IPTU também pesou no custo de vida dos belo-horizontinos. De acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead- UFMG), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que terminou dezembro em 0,84%, atingiu 1,85% na penúltima semana de janeiro. Um dos responsáveis foi exatamente o IPTU, que teve reajuste médio e 6,58% em Belo Horizonte.

“Na verdade, tudo está muito caro. O médico fala que a gente tem que comer muitas frutas, mas a banana está caríssima. A gente tem que economizar”, conta a dona de casa Suzana Martins, 74. “A sorte é que eu já não pago mais passagem de ônibus”, comemora.

Previsões. Economista do Ibre, André Braz afirma que a pressão no custo dos alimentos está caindo. “Mesmo em períodos de sazonalidade (desfavorável), as altas devem ser mais tímidas em relação a 2016”, afirma.

Braz ressalta que, no geral, os reajustes do grupo da educação tiveram um peso forte na inflação de janeiro, o que deve diminuir neste mês. Para fevereiro, a expectativa é de novo alívio na alimentação. A previsão da FGV é que o IPC-S termine fevereiro em torno de 0,45%, inferior à taxa de 0,76% apurada em fevereiro de 2016. (Com agências)

Mais aumento. Para os próximos meses, a expectativa de aumento é para as tarifas de energia elétrica e água e esgoto. O grupo de habitação também deve continuar com altas.

Cai o número de endividados

Rio de janeiro. Os consumidores brasileiros começaram o ano menos endividados, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Pesquisa mostra que 55,6% das famílias possuíam algum tipo de dívida em janeiro, o menor patamar desde junho de 2010, quando estava em 54,0%. A pesquisa considera como dívidas as contas a pagar em cheque pré-datado, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.

Em dezembro, o porcentual de endividados era de 56,6%. Em janeiro de 2016, essa fatia estava em 61,6%. “Entre os fatores que contribuíram para a redução do endividamento estão a sazonalidade do período, após o recebimento do décimo terceiro salário, que permite a quitação de dívidas, além da redução do crédito, associada a um menor consumo das famílias”, avaliou a economista da CNC Marianne Hanson.

O porcentual de famílias com contas em atraso diminuiu de 23% em dezembro para 22,7% em janeiro, o nível mais baixo desde novembro de 2015. Na comparação com janeiro do ano passado, a fatia de inadimplentes teve queda de 1,0 ponto porcentual.

Devo, não nego. O total de famílias que acreditam que não terão como pagar as dívidas e que por isso permanecerão inadimplentes aumentou de 8,7% em dezembro para 9,3% em janeiro.