Para fugir dos altos preços dos ovos de Páscoa, o consumidor está procurando alternativas que caibam no bolso. Brinquedos à parte, a grama de chocolate do ovo de Páscoa é bem mais valiosa. Segundo levantamento de preços feito no site americanas.com, enquanto a grama do Diamante Negro custa R$ 0,36 na barra de chocolate, no ovo o preço praticamente triplica e cada grama sai por cerca de um R$ 1. A barrinha de 150 g custa R$ 5,49 e o ovo sai por R$ 22,90. Já no caso do ovo Hot Wheels, que traz um carrinho de brinde, o valor da grama é quase cinco vezes mais caro do que o da barra de chocolate. Neste caso, o ovo custa R$ 32,90, sendo R$ 1,93 por grama, e a barrinha feita com o mesmo chocolate ao leite, de 170 g, pode ser comprada por R$ 5,99, ou seja, R$ 0,39 por grama.
Com isso, consumidores estão optando pelos ovos artesanais, caixas de bombom e barras de chocolate. É o caso da assistente de departamento pessoal Daniele Cristina de Oliveira Gomes. “Ainda não comprei, mas a minha intenção é comprar caixas de bombons para não passar a data em branco. Alguns ovos estão até R$ 48, bem mais caro que no ano passado”, diz. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em média, os preços estão 13,3% mais altos frente o ano passado.
O consumidor está procurando economia, segundo Sônia Bruno, que produz chocolates artesanais. “As pessoas querem algo diferente e barato”, diz. Cerca de 80% da sua demanda são por produtos entre R$ 12 e R$ 20. “Muitas pessoas disseram que neste ano não vão dar ovo, mas vão comprar algum chocolate”, afirma.
Com preços altos e a crise, as vendas de Páscoa devem cair, conforme pesquisa da CNC. A projeção indica uma queda de 3,4% nas vendas do feriado em relação a 2015, quando houve já uma retração de 1,0% em relação a 2014.
Além do preço, a médica veterinária Mariana Martins, diz que a qualidade é um dos atrativos dos ovos artesanais. “Se o preço for o mesmo, prefiro os artesanais, o sabor é melhor”, diz.
Já a cabeleireira e vendedora Lucemir Trindade Ribeiro está fazendo cursos voltados para a Páscoa e pretende ganhar um dinheiro extra. “Vou fazer chocolates e ovos para vender”, conta.
Parcelamento. Para garantir vendas, os supermercados estão parcelando os valores, segundo a DMCard – empresa da área de administração de cartões de crédito private label (cartões próprios dos supermercados). E essa não é uma solicitação comum ao negócio. “É a primeira vez que recebemos pedidos para oferecer parcelamento de compras nos cartões de marca própria apenas para um período específico”, diz o gerente comercial da empresa, Mauricio Meneghetti. Das 122 redes que têm os cartões administrados pela DMCard, 70 solicitaram parcelamento para a Páscoa.
Faça as contas
Ovo Alpino n° 20/350g
Valor: R$ 40,49
Quilo: R$ 115,68
Barra 150 g Alpino
Valor: R$ 4,60
Quilo: R$ 30,66
Diferença: 277%
Diamante Negro 320g
Valor: R$ 33,19
Quilo: R$ 103,71
Barra 170g Diamante Negro
Valor: R$ 5,45
Quilo: R$ 32,05
Diferença: 223%
Caixa de bombons 355 g
Valor: R$ 7,45
Valores sujeitos a alterações
Valor médio, segundo Fundação Ipead
| |
Procura por insumos é maior
Seja para presentear ou para ganhar um dinheiro extra, algumas pessoas estão buscando fazer ovos de Páscoa e chocolates. Com isso, insumos voltados para a data tiveram crescimento, assim como a procura por cursos para fabricação desses artigos.
Na Decisão Atacarejo, até o momento a alta está na casa dos 20% na comparação com igual período do ano passado, conforme a diretora de marketing da empresa, Valéria Bax.
O motivo está relacionado com a crise do país. “Algumas pessoas vão fazer ovos de Páscoa e outros tipos chocolates para presentear e, assim, economizar. Outras, vão fazer os produtos para vender”, diz.
Outro dado que mostra que o consumidor está em busca de economia ou mesmo buscando uma renda extra é o crescimento da procura pelas aulas da escola de culinária da empresa. Diante da demanda crescente, a escola aumentou em 30% as aulas voltadas para produtos relacionados com a Páscoa. Com relação a venda de ovos de Páscoa para o consumidor final, a estimativa da diretora é de empate na comparação com o desempenho do ano passado. “Trabalhamos com um cenário bem realista”, diz.
Para a coordenadora do Procon Municipal de Belo Horizonte, Maria Lúcia Scarpelli dos Santos, uma das saídas para fugir dos preços altos dos produtos é justamente fazer os ovos ou chocolates para presentear. “É usar a criatividade”, aconselha.
---
O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.
Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.