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Paralisação nas exportações vai baratear carne em Minas

A medida será adotada para tentar absorver o volume que seria exportado para outros países

Qua, 22/03/17 - 18h38

Minas Gerais sentirá nos próximos dias o impacto da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e o cenário que se espera é o de um colapso nas finanças do Estado, segundo o diretor geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Marcílio Magalhães. Ao passar nessa quarta-feira (22) por uma sabatina na Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o dirigente afirmou que a carne no Estado ficará mais barata para absorver o volume que seria exportado para outros países.

Segundo dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), no primeiro bimestre de 2017 as exportações de carnes geraram US$ 153,8 milhões e em quantidades foram 63,7 mil toneladas.

Diante de deputados estaduais, Magalhães disse que haverá uma “quebradeira do sistema”, já que 44,9% do PIB mineiro estão vinculados ao setor da carne, sendo 20% só em exportações. “Essa carne destinada à exportação terá de ser absorvida pelo mercado interno. Isso comprometerá severamente as finanças de Minas Gerais”, prevê o diretor do IMA.

O segmento mais atingido será o do frango, já que a produção do animal tem um ciclo curto, entre 25 e 45 dias. O Brasil está em primeiro lugar no mundo em exportação da carne de frango, sendo que Minas ocupa o quinto lugar no ranking nacional. “O impacto em Minas nós vamos ver nos próximos dias, mas a parte de frangos, por exemplo, somos grandes produtores. A China, que é a grande compradora, suspendeu tudo”, disse o deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSDB), presidente da Comissão de Agropecuária da ALMG.

Ao criticar a operação Carne Fraca, Arantes falou sobre o impacto nos empregos diretos e indiretos do setor no país. “Ontem, o Brasil exportou R$ 75 milhões em carne, enquanto que o normal seria mais de R$ 1 bilhão, tranquilamente. A cadeia da carne emprega hoje mais de 20 milhões de pessoas no país. Vai haver uma queda vertiginosa, uma quebradeira de empresas que não tem nada a ver com as irregularidades descobertas pela Polícia Federal”, explicou o parlamentar. A empresa JBS, envolvida nas investigações da operação, possui unidades em Minas Gerais, mas não foram encontrados problemas na produção do Estado.

Arantes também informou que a comissão fará em breve audiências com todos os segmentos do setor para levantar os impactos da crise em Minas e as intervenções necessárias para atenuar os prejuízos de empresas e produtores. “A empresa que não teve nenhum problema e perde seu comércio, ela pode ter dívidas no banco, compromissos diários, mensais e anuais. Nós teremos de atuar nessa questão do crédito, questão trabalhista. A corda está estourando e, principalmente, nos mais fracos”, disse o deputado.

Está em tramitação na Assembleia uma proposta do governador Fernando Pimentel (PT) de criar uma taxa sanitária para aumentar o quadro de fiscais no Estado. “Hoje Minas está carente de profissionais e essa taxa poderia ajudar nesse sentido”, opinou o deputado tucano. Marcílio Magalhães também expôs a necessidade de novos concursos, já que o IMA assumirá a inspeção de bebidas, sementes e mudar no Estado. “Hoje, Minas não está preparada para essa demanda. Não há corpo técnico suficiente”, destacou.

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