Desafio

PIB de Minas avança 5,1% em 2021, mas esbarra na estagnação

Fundação João Pinheiro (FJP) avalia que economia mineira se recuperou rapidamente do colapso durante a pandemia, mas não teve crescimento acelerado depois disso

Qua, 16/03/22 - 16h03
Indústria - produção cresce | Foto: Pixabay / Reprodução

Ouça a notícia

O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais, estimado em R$ 805,5 bilhões, cresceu 5,1% em 2021, em relação a 2020, com alta principalmente nos setores da indústria e de serviços, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (16) pela Fundação João Pinheiro (FJP). A economia mineira e a do Brasil conseguiram recuperar as perdas da pandemia já no segundo semestre de 2020, mas os dados de 2021 confirmam que o cenário após a retomada é de estagnação. 

A crise econômica teve formato de raiz quadrada. Um colapso rápido, uma recuperação rápida e, depois, relativa estabilidade, estagnação”, pontua o pesquisador da FJP, Raimundo Leal. Ainda que o resultado geral de 2021 seja positivo, o quarto trimestre do ano representou uma nova baixa em relação ao anterior. Ela foi identificada principalmente na indústria extrativa e no segmento de transportes. A produção de minério de ferro da Vale, por exemplo, principal indicador para a indústria extrativa, teve redução de 7,8% no último trimestre. 

A indústria de transformação cresceu 9,4%, impulsionada pela indústria de veículos e metalurgia. Leal vislumbra sinais positivos, mas ainda incertos, para o setor automotivo: “É um setor que ainda não se normalizou e não está claro o que vai acontecer. Ainda temos problemas de abastecimento, gerando interrupções e gargalos”, diz. A indústria alimentícia teve queda de 4,8% em Minas em 2021, ao sofrer os impactos da redução do auxílio emergencial. Para Leal, o rumo das políticas assistenciais neste ano terá poder para reverter ou aprofundar a perda.  

A agropecuária em Minas teve retração de 8,4% em 2021, muito afetada pela queda na produção de café, que representa a maior parte do valor bruto da produção mineira. “Anos ímpares geralmente são de baixa no ciclo da cafeicultura e tivemos queda significativa, de 34%. Mas dados iniciais de 2022 observam que vai ser um ano de alta, apesar das geadas que prejudicaram em 2021”, explica o pesquisador da FJP, Thiago Almeida. 

‘Inflação’ na indústria é ainda maior que alta de preços para as famílias

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) demonstra a inflação com base nos produtos consumidos pelas famílias, mas a alta de preços considerando produtos consumidos pela indústria, por exemplo, chega a ser ainda maior. O deflator implícito da indústria, índice que mede essa alta de preços para o setor, foi de 42,4% em 2021. 

“Nossa estimativa é que, no PIB geral, ele foi um dos maiores da série histórica, de 14,1%. Ele identifica o preço de todas as coisas produzidas. O IPCA acompanha o preço da cesta de consumo típicos das famílias, mas elas não consomem tratores, por exemplo. Nesse sentido, o deflator é como um índice geral da inflação da economia como um todo, e não apenas da cesta de consumo”, explica o pesquisador da Fundação João Pinheiro Raimundo Leal.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.