Consumidor

Postos de combustível de BH têm longas filas com risco de desabastecimento

Caminhoneiros de MG estão em greve por causa dos altos preços do óleo diesel nas refinarias

Sex, 26/02/21 - 11h12
Greve dos caminhoneiros de Minas Gerais leva consumidor a formar longas filas em postos de BH | Foto: Cristiane Mattos

Postos de combustível de diversos bairros de Belo Horizonte amanheceram com longas filas de motoristas em busca de gasolina e etanol dado o risco de desabastecimento das bombas com a greve dos motoristas de caminhões-tanque. Em alguns postos, já não há mais combustível.

Filas são registradas em postos das avenidas Pedro II, Tancredo Neves e Cristiano Machado, além da Via Expressa, que liga BH e a Contagem. 

Em um posto na avenida Antonio Carlos, no bairro Lagoinha, na região Leste de Belo Horizonte, motoristas já relataram que todos os combustíveis já acabaram. 

Na avenida Nossa Senhora de Fátima, no Carlos Prates, motoristas também afirmaram à reportagem terem ficado mais de 1h30 na fila. 

Em Contagem, na avenida Cardeal Eugenio Pacelli, motoristas enfrentam muita lentidão, no sentido Centro, devido ao excesso de veículos nos postos de combustíveis. 

A BHTrans já alertou, pelas redes sociais, sobre o trânsito lento em Belo Horizonte por causa das filas.

Enquanto isso, na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, cerca de 50 tanqueiros protestam contra o alto preço do óleo diesel. Eles iniciaram movimento grevista nessa quinta-feira (25) após não terem tido resposta do governo quanto a seus pedidos.

Com o último reajuste de preços nas refinarias da Petrobras, na semana passada, a gasolina já é vendida na capital mineira por mais de R$ 5. O óleo diesel teve alta ainda mais significativa, de 15%, o que levou os caminhoneiros de Minas Gerais a protestarem contra os valores praticados. Eles cobram revisão da alíquota do ICMS do governo de Minas.

De acordo com Irani Gomes, presidente do SindTanque-MG, a greve não tem previsão de fim e, segundo ele, o reflexo da falta de gasolina só tende a aumentar. "Nos reunimos com a Secretária da Fazenda. Eles nos deram uma resposta negativa, estamos aguardando o que pode ser feito, porque do jeito que está é impossível", afirma. 

A estimativa do sindicato é que 3.000 caminhões estejam parados em todo o Estado. Só em Betim pelo menos 300 caminhoneiros estão estacionados nas portas das refinarias. "É um descaso, falta de sensibilidade do governo estadual para com o setor e o aumento no preço do combustível é inadmissível", pontuou Gomes. 

A categoria reivindica a redução de 15% para 12% no Impostos Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado pelo governo estadual sobre o óleo diesel. 

Outro lado

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) confirmou que a greve dos transportadores de combustíveis convocada pelos caminhoneiros está afetando o abastecimento dos postos na região metropolitana de Belo Horizonte e de cidades que realizam o carregamento nas bases próximas à Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim.

Segundo a entidade, que representa 4,5 mil postos de combustíveis do Estado, vários postos já sentem os efeitos da paralisação, com dificuldades para fazer pedidos juntos às distribuidoras de combustíveis e abastecer os caminhões próprios nas bases, em virtude do bloqueio da entrada e saída de veículos pelos grevistas.

De acordo com o sindicato, caso a greve permaneça nas próximas horas, haverá falta de postos de combustíveis em todo o Estado. "Ainda que o Minaspetro seja solidário às demandas do Sinditanque-MG pela redução do imposto no diesel e demais combustíveis, entendemos que este não é o momento para uma greve, principalmente pelo contexto geral da pandemia de Covid-19 e as dificuldades que a população e todo o setor produtivo enfrentam", informou em nota. 

O Minaspetro informou ainda que não é possível quantificar quantos postos já sofrem com desabastecimento uma vez a entidade não realiza pesquisas junto a cada revendendor para saber o estoque "O estoque dos postos varia sensivelmente. estabelecimentos com alto volume de vendas diárias tendem a ter uma capacidade maior de armazenamento, e vice-versa", explicou.

O sindicato reforça também o posicionamento de que o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) recue na decisão de aumentar o ICMS dos combustíveis a partir de 1º de março, além de revisar imediatamente a tributação estadual sobre os combustíveis. 

Procurado, o Governo de Minas Gerais informou que a Polícia Militar de Minas Gerais tem acompanhado as manifestações dos transportadores de combustível, garantindo a fluidez no trânsito e a segurança nos locais em que os caminhões estão parados.

Além dessa ação, viaturas da PMMG estão patrulhando o entorno da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), mantendo pontos base na refinaria, de forma a garantir que os motoristas que transportam combustíveis e que não aderiram à paralização mantenham suas atividades.

Em nota, o Estado destacou ainda que as recentes mudanças no preço dos combustíveis não são em função do ICMS, mas sim da política de preços praticada pela Petrobras.

Veja a nota completa 

"O Governo de Minas esclarece que as recentes mudanças no preço dos combustíveis não são em função do ICMS, mas sim da política de preços praticada pela Petrobras. O Estado reafirma seu compromisso de não promover o aumento de nenhuma alíquota de ICMS até que seja possível começar a trabalhar pela redução efetiva da carga tributária. No momento, em virtude da situação financeira do estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal exige uma compensação para aumentar receita em qualquer movimento de renúncia fiscal, o que não torna possível a redução da alíquota.

Informamos ainda que o Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF) é atualizado mensalmente levando-se em consideração os preços praticados pelos postos revendedores em todas as regiões do Estado. O resultado da pesquisa realizada pela Secretaria de Fazenda é baseado nas Notas Fiscais emitidas por 4.272 postos revendedores distribuídos em 828 municípios mineiros.

Sobre a manifestação realizada ontem na Cidade Administrativa, o Governo esclarece que esteve disponível para ouvir as demandas dos tanqueiros, mas não houve pedido de reunião por parte dos manifestantes.

O Governo de Minas ainda informa que a Polícia Militar tem acompanhado as manifestações dos transportadores de combustível, garantindo a fluidez no trânsito e a segurança nos locais em que os caminhões estão parados.

Além dessa ação, viaturas da PMMG estão patrulhando o entorno da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), mantendo pontos base na refinaria, de forma a garantir que os motoristas que transportam combustíveis e que não aderiram à paralisação mantenham suas atividades"


 

 

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