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Preocupações com coronavírus levam dólar à nova marca recorde de R$ 4,31

Esse é o maior valor nominal da moeda americana desde a implantação do Plano Real; nas casas de câmbio, segundo levantamento, cotação já ultrapassa R$ 4,50

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 07 de fevereiro de 2020 | 12:10
 
 
Imagem ilustrativa de notas de dólares Foto: Justin Sullivan/Getty Images North America/AFP

O dólar voltou a subir e encostou em novos níveis recordes ante o real nesta sexta-feira, 7, chegando aos R$ 4,3101 (alta de 0,58%) na cotação máxima desta manhã.  O movimento segue a persistente valorização da moeda americana no exterior, em meio a preocupações com a disseminação do coronavírus e após dados de atividade piores que o esperado na Alemanha e na  França. Às 10h51, o dólar à vista subia 0,43%, cotado a R$ 4,3016. 

De acordo com levantamento do Estadão/Broadcast, que acompanha nove das principais casas de câmbio, no mesmo horário a moeda americana para turismo já ultrapassava os R$ 4,50 para compra em São Paulo - os valores variavam entre R$ 4,4430 e R$ 4,5030. 

No Brasil, o IGP-DI e o IPCA de janeiro mostraram forte desaceleração ante dezembro, reforçando ainda o mal-estar com a recuperação lenta da economia brasileira. Os fracos índices de preços apoiam ainda leve baixa dos juros futuros, após a correção de alta na quinta-feira, 6, pós-Copom. Contudo, o arrefecimento dos índices de preços não deve alterar as apostas para a política monetária depois da clara mensagem de fim dos cortes da Selic deixada pelo Copom na quarta-feira.

O IPCA de janeiro subiu 0,21%, ante um aumento de 1,15% em dezembro, ficando abaixo do piso das estimativas (0,31% a 0,56%). O IGP-DI subiu 0,09% em janeiro, após um avanço de 1,74% em dezembro, bem abaixo da mediana das projeções (0,28%) e dentro do intervalo das previsões do Projeções Broadcast (-0,09% a +0,60%).

Em evento no Rio, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, informou que a previsão é votar o "plano Mansueto" de ajuste fiscal em março. O ministro da Economia, Paulo Guedes, insiste em buscar apoio para um novo imposto sobre transações eletrônicas ou sobre "produtos do pecado" (como bebidas alcoólicas, cigarros e doces) para reduzir a tributação que as empresas pagam sobre os salários dos empregados.

Além disso, o governo segue sem definir se enviará a proposta de reforma tributária para o Congresso ou se aguardará a unificação das propostas que tramitam na Câmara (PEC 45) e no Senado (PEC 110), segundo o líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO).

Recorde no fechamento de quinta 

Na quinta-feira, 6, os sinais de impacto do coronavírus na indústria brasileira contribuíram, junto com a valorização externa do dólar, para estimular a busca por proteção na moeda americana. Houve ainda saída de capital externo, seja por uma grande operação relatada por operadores, seja por estrangeiros deixando a Bolsa.

O dólar à vista fechou com valorização de 1,09%, a R$ 4,2852 - nova máxima nominal desde a implantação do Plano Real. A anterior havia sido no dia 31 de janeiro, quando o dólar terminou em R$ 4,2850. No mercado futuro, o dólar para março chegou na máxima a R$ 4,2910. Também o índice DXY do dólar, que mede o comportamento da divisa americana ante moedas fortes, alcançou o maior valor desde outubro do ano passado. 

Neste ano, a moeda americana já se valorizou mais de 7%. Nos últimos 30 dias, a alta chega a 5,67% e, em 12 meses, a 15,50%.