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Privatização da Eletrobras na Bolsa tem protestos e elogio de Guedes à ditadura

Segundo ministro, os militares "fizeram uma extraordinária gestão do ponto de vista de infraestrutura"

Ter, 14/06/22 - 18h03
Movimentos sociais fizeram protestos nesta terça-feira na porta da Bolsa de Valores B3 | Foto: Yuri Murakami /Fotoarena/Folhapress

Grupos contrários à privatização da Eletrobras protestaram nesta terça-feira (14) em frente à sede da B3, a Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ministro Paulo Guedes (Economia) e Adolfo Sachsida (Minas e Energia) vieram ao local para participar do evento de toque de campainha da privatização da empresa de energia. Bolsonaro não discursou no evento.

Entre os manifestantes estiveram lideranças de movimentos de trabalhadores sem teto, atingidos por barragens e petroleiros.

No evento, Sachsida afirmou que os consumidores poderão se beneficiar com aumento da competição e com o aporte de recursos para reduzir as tarifas.

Paulo Guedes afirmou que a privatização vai gerar R$ 32 bilhões para modicidade tarifária, R$ 5 bilhões para o programa nuclear, R$ 25 bilhões para o caixa da União e R$ 10 bilhões para a revitalização de bacias hidrográficas.

O ministro da Economia também elogiou o legado dos governos militares, que segundo ele "fizeram uma extraordinária gestão do ponto de vista de infraestrutura", e afirmou que esse legado estava sendo perdido.

Disse também que, com a operação, a maior empresa de energia limpa e renovável do mundo está livre para fazer os investimentos necessários para se manter competitiva. "Ela é a garantia de segurança energética do Brasil nessa nova dimensão renovável."

Na semana passada, a Eletrobras fixou em R$ 42 o preço da ação em uma oferta que resultou na privatização da companhia, movimentando R$ 29,29 bilhões, segundo comunicado publicado na página da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A demanda foi forte com a participação de investidores que incluíram fundos de pensão, investidores estatais, fundos de hedge e investidores de varejo.

A expectativa é que o dinheiro para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) saia no próximo mês. O prazo é de 30 dias após a conclusão da assinatura de contratos após a privatização pelas empresas do grupo Eletrobras.

"O aporte de recursos na CDE para redução da pressão tarifária deve ocorrer até o final de julho", afirmou Marisete Pereira, secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia.

Segundo o presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, ainda não é possível afirmar qual será a composição acionária após a operação, já que a oferta não está totalmente concluída. Nesta terça ocorre a liquidação da compra de ações referente ao aumento de capital da empresa.

O investidor estatal de Cingapura GIC, o canadense CPPIB e a gestora brasileira 3G Radar devem se tornar os maiores acionistas da Eletrobras.

A privatização da maior elétrica da América Latina é vista como crucial para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que até agora entregou poucas vendas de ativos estatais, em relação ao que prometeu antes de tomar posse.

Foi feito rateio proporcional entre os trabalhadores que decidiram investir o FGTS na empresa. Cada um terá alocado 66,79% do seu respectivo pedido.

Um trabalhador que reservou R$ 10.000 para comprar ações da Eletrobras poderá efetivamente aplicar R$ 6.679 na companhia.
Nesta segunda-feira (13), começaram as negociações das ações da Eletrobras após a privatização. O papel fechou em queda de 2,2%, a R$ 41.

(Eduardo Cucolo / Folhapress)

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