Mercado

Procura pelos dólares dobra nos balcões 

Com a queda dos últimos dias, a procura nas casas de câmbio cresceu até 100%; moeda chegou a R$ 3,21; no ano, a queda já é de 18,6%

Sex, 01/07/16 - 03h00
Altos e baixos. Depois de subir 48% em 2015, a moeda norte-americana já caiu 18,6% neste ano | Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Quando o preço cai, o consumidor compra mais. A regra vale para tudo, inclusive para o dólar. A moeda norte-americana, que já chegou a custar mais de R$ 4,40, caiu 18,6% neste ano. Com a queda dos últimos dias, a procura nas casas de câmbio cresceu até 100%. “A procura dobrou na comparação com o mês passado. E não se trata das férias de julho, os clientes estão procurando em função da queda do valor mesmo. Pode ser para viagem de fim de ano ou para guardar. As pessoas buscam a oportunidade”, disse o gerente da Picchioni Jair Reis.

Ontem, quando o dólar comercial fechou cotado em R$ 3,21, a casa vendeu dólar turismo a R$ 3,42 com pagamento em espécie e R$ 3,55 no cartão, ambos com os impostos incluídos.

Por enquanto, a trajetória do câmbio é essa. “O mercado é imprevisível, mas vejo uma tendência de queda. O mercado está testando o Banco Central (BC) e vendo até onde vai o dólar sem o BC intervir”, explicou.

Na Western Union, a procura em junho, na comparação com o mês anterior, cresceu 70%, disse a gerente Josiane Ferreira. “Os clientes estão buscando porque o preço caiu. Eu mesma estou surpresa. Não imaginava, na semana passada, que o dólar chegaria nesse patamar, nem o euro, que está abaixo de R$ 4. Então acredito que a tendência é continuar em queda”.

O dólar turismo na Western Union, ontem, foi vendido a R$ 3,42 em espécie e R$ 3,56 no cartão, já com os impostos. Na Yes Câmbio o movimento é semelhante. Segundo o gerente Carlison Lopes, o dólar turismo, em espécie, custava ontem R$ 3,44 com impostos. No cartão pré-pago, cada dólar custou R$ 3,54, com impostos.

Maior queda desde 2003. Em apenas três dias nesta semana, o dólar 5,35%. Como resultado, houve baixa acumulada de 11,09% em junho, a maior queda mensal desde abril de 2003, quando cedeu 13,15%. Declarações do secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Daniel Godinho, de que, por enquanto, a taxa de câmbio não está atrapalhando as exportações, pesaram no dólar à vista.

Além disso, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, enfatizou que compete ao BC definir a estratégia para a convergência da inflação à meta de 4,5% em 2017. Em conjunto, os comentários das autoridades foram interpretados no mercado como sinais de manutenção da Selic por período prolongado, e de que o dólar pode continuar fraco.

Bolsa acumula alta de 18,87%

São Paulo. A Bovespa avançou ontem pelo terceiro pregão consecutivo, novamente influenciada pelo mercado internacional, e terminou o dia aos 51.526,92 pontos, com ganho de 1,03%. O volume de negócios totalizou R$ 7,9 bilhões, acima dos R$ 6,4 bilhões da média diária de junho. Com o resultado de ontem, o Ibovespa acumulou alta de 6,30% em junho e de 18,87% no primeiro semestre de 2016. Em 12 meses, no entanto, o índice ainda registra perdas de 2,93%.

Em um dia de escassez de notícias de grande relevância, a alta das bolsas de valores no Brasil e no exterior foi determinada principalmente pelas declarações de Carney. “Os mercados passaram a considerar um corte de juros a partir das declarações do BoE, e isso levou as bolsas a acelerarem ganhos na Europa e Estados Unidos. Esse foi fundamentalmente o motivo da alta nos mercados de ações”, disse o operador da corretora Renascença, Luiz Roberto Monteiro.

Apesar da melhora do humor no mercado externo, os preços do petróleo seguiram em queda, em meio a preocupações com a oferta da commodity. Com isso, as ações da Petrobras operaram em queda durante todo o dia, o que limitou bastante a alta do Ibovespa. Ao final do pregão, Petrobras ON teve queda de 0,52%, enquanto Petrobras PN recuou 0,84%. No acumulado de junho, Petro ON e PN tiveram alta de 13,06% e 17,16%, respectivamente. Na ponta contrária, a alta de 1,5% do minério de ferro no mercado chinês apoiou as altas das ações da Vale, que avançaram 3,56% (ON) e 1,24% (PNA) no dia. No mês, os papéis da mineradora contabilizaram valorização de 14,42% e 15,93%.

Real forte

Ganhos. O real terminou o primeiro semestre deste ano com ganho de 19,59% frente ao dólar no mercado à vista. Foi a maior valorização global em relação à moeda norte-americana neste ano.