Seca

Relatório do Igam mostra Serra Azul vazio em maio  

Sem chover o previsto em abril e com estiagem em maio, nível pode cair para zero

Por Angélica Diniz
Publicado em 20 de abril de 2015 | 03:00
 
 
Precário. Imagem feita em uma represa do Serra Azul, em janeiro, já mostrava situação crítica Foto: Uarlen Valerio

Um relatório elaborado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) em janeiro deste ano aponta que o volume operacional do Sistema Serra Azul, terceiro maior reservatório de abastecimento de água de Belo Horizonte, pode chegar a 0% do seu volume operacional já em maio. Obtida pela reportagem de O TEMPO, por meio do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, a nota técnica se baseou em simulações mensais feitas no manancial, que aponta déficit de 8,32 metros cúbicos (m³) no volume operacional do sistema Serra Azul, já no próximo mês, ao considerar o melhor cenário de chuvas. Na última medição, na sexta-feira, o Serra Azul operava com 15,8% de sua capacidade.

A dez dias do fim de abril, choveu pouco para a média de precipitações previstas para o mês. Conforme o Centro de Climatologia – PUC Minas TempoClima, até sexta-feira, o volume de chuvas registrado foi de 17 milímetros, bem inferior aos 61 mm previstos para até o dia 30. “Neste mês, a previsão é de chuvas isoladas e mais fracas. Não serão suficientes para manter o volume dos mananciais”, informou o meteorologista Heriberto dos Anjos. Do período de maio a setembro, a tendência é de redução drástica nos volumes pluviométricos, segundo prevê o especialista.

Já em níveis críticos, os reservatórios Rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores baixaram o volume nos últimos dias. Na sexta, o Sistema Paraopeba, que reúne os três reservatórios, estava operando com 39,1% de sua capacidade. Nem mesmo o decreto de escassez hídrica, que obrigou 26 empreendimentos a restringir a retirada de água dos mananciais desde 10 de abril, foi capaz de manter o nível dos mananciais.

O Serra Azul possui cinco outorgas, segundo o Igam, sendo três concedidas para produtores rurais, uma para a Copasa e outra para o condomínio Fazenda Solar, em Igarapé. De acordo com o síndico do empreendimento, Genésio Teixeira, há muito tempo a água utilizada não é mais captada do Serra Azul. “O lago secou muito no ponto onde captávamos a água. Agora, a Copasa abastece nossa caixa d’água”, informou. Conforme o decreto de escassez hídrica, a Copasa teve de reduzir em 20% a captação do Serra Azul, cuja retirada era de 2,940 metros cúbicos por segundo. Já os produtores rurais reduziram em 25% a captação, o que não impediu que o nível caísse nos últimos dias. Nos outros reservatórios, empresas e mineradoras tiveram de cortar 30% da retirada de água.

Diante desse cenário, que aponta para um volume morto já no próximo mês, o esperado é que o governo adote medidas de racionamento para que o manancial mantenha-se ativo até o próximo período de chuvas.