Mogno africano

Rentabilidade do ‘ouro verde’ atrai produtores em Minas

Associação estima que o Estado concentra 60% do plantio da espécie no país

Seg, 23/01/17 - 05h30

Conhecido como o “ouro verde”, o mogno africano começa a despertar o interesse de produtores brasileiros, já que a madeira nobre promete boa rentabilidade – R$ 700 mil por hectare, conforme estimativa da Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano (ABPMA). As despesas de custeio estão na casa dos R$ 50 mil por hectare no prazo de 15 anos. “É uma média. O valor varia de acordo com o clima, tipo de solo e necessidade ou não de irrigação”, pondera a diretora-executiva da associação, Patrícia Fonseca.

O presidente da entidade, Ricardo Tavares, estima que 60% do plantio no país estejam sendo feitos em Minas Gerais. “É uma cultura ainda nova no Brasil e o número de interessados no setor vem crescendo”, afirma. Fundada há pouco mais de cinco anos, a ABPMA tem cerca de 30 associados e é sediada em Belo Horizonte.

“Um dos nossos objetivos é divulgar a madeira e sua potencialidade no mercado. Hoje, há pouca oferta de madeira no mundo”,[ ] observa Patrícia Fonseca. Ela ressalta que o mogno africano é material de fácil manuseio e apreciado no mercado internacional, com uso em diversas áreas, com indústria moveleira, construção civil, instrumentos musicais e até mesmo para a construção de barcos.

Norte de Minas. Uma das regiões do Estado que vem se destacando com a produção do mogno é o Norte. O produtor e técnico agrícola Antônio Serrati foi um dos pioneiros no plantio da espécie na região, em área de dez hectares no projeto Pirapora, gerido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Atualmente com uma área de 22 hectares, entre mogno brasileiro e mogno africano, Serrati prepara colheita parcial. “Nós já fizemos, e vamos continuar em 2017, o desbaste (corte de metade mogno da plantação) para aumentar o espaçamento e deixar as plantas crescerem mais. O desbaste pode ser feito entre oito e dez anos após o plantio”, explica.

O produtor lembra que resolveu investir no plantio de mogno irrigado depois que descobriu o potencial da cultura. “É um investimento de longo prazo, que pode levar 15 anos. Encaro como uma poupança”, diz. O rendimento, segundo ele, varia de R$ 500 mil a R$ 600 mil por hectare.

Dados da gerência regional de empreendimentos de irrigação da Codevasf em Montes Claros revelam que, na atual situação das florestas de mogno nos perímetros da companhia de desenvolvimento, o custo médio de manutenção é de aproximados R$ 4.200 por hectare/ano.

Ainda há outros custos, como os de implantação, de cortes, de pós colheita do mogno, mas a expectativa dos produtores é a de triplicar o investimento, revela a ABPMA.


Codevasf

Norte do Estado em destaque

Os mognos africano e brasileiro já são a aposta de produtores em áreas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), no Norte de Minas.

Nos projetos públicos de irrigação Gorutuba, Jaíba e Pirapora, todos geridos pela companhia, o cultivo das espécies da madeira ocupa uma área de cerca de 800 hectares.

No caso de Gorutuba, localizado em Nova Porteirinha, no semiárido mineiro, somando as áreas empresariais e familiares, o mogno é o segundo maior cultivo, com 8% da área plantada, só perdendo para a banana (80%).

No perímetro de Pirapora, foram plantadas as primeiras mudas de mogno africano fora da região amazônica, em 2005, sendo o perímetro pioneiro no plantio de mogno irrigado, segundo informação da Codevasf. (JG)


Mais espaço para o mogno

5% da área de produção empresarial em Pirapora.

4% da área empresarial plantada do Jaíba é da espécie.

2% da área familiar plantada no Jaíba é do material.