Sem crise

Restaurantes triplicam venda

Carnaval deste ano eleva receita de estabelecimentos em 200% na comparação com janeiro

Qua, 10/02/16 - 03h00

Depois de um janeiro fraco, a euforia do Carnaval contaminou os restaurantes do Centro de Belo Horizonte, diante de vendas triplicadas em fevereiro na comparação com o mês anterior. “Com o Carnaval, as vendas subiram 200%”, comemora o gerente do restaurante La Grepia, Silvio Vitorino. “Se fosse Carnaval todo dia, a gente conseguia tirar o atraso do ano passado”, brinca o proprietário do Sindicato do Chopp, José Geraldo de Abreu. Para ele, na comparação com janeiro deste ano, o aumento no movimento do restaurante foi “em torno de 100%”. Já na comparação com o Carnaval do ano passado, tanto Abreu como Vitorino indicam um crescimento de pelo menos 50% na receita.
Se por um lado os empresários estão satisfeitos, os clientes, com destaque para os que vieram de fora do Estado, também não têm do que reclamar. “O atendimento aqui é ótimo, atencioso, a comida é boa e ainda o preço é muito melhor. É a metade do que a gente paga em São Paulo”, afirma o estudante de moda e gerente de loja em São Paulo, Felipe Negrão, 25.

“A gente percebe que o vendedor aqui está cobrando 100% ou 150% a mais do que ele comprou. No Rio de Janeiro, eles cobram é 500% a mais. É mais caro no Carnaval, sim, mas muito mais barato aqui do que em outros Estados”, avalia a advogada Letícia Minas, 34.

Vitorino observa que em 2016, o público de fora cresceu em relação ao ano passado. “Tivemos muitos clientes de São Paulo, alguns da Bahia e até franceses”, relata o gerente.

Ambulantes. A expectativa dos vendedores ambulantes não se concretizou no carnaval de 2016. “Camelô demais, todo mundo sem dinheiro, trazendo a cerveja de casa e um Carnaval que acaba às 22h. Só esses três pontos já dificultaram muito as vendas”, afirma o ambulante Anderson Gonçalves Pereira, 26. A aposentada Sebastiana Gomes, 52, resolveu vender bebidas durante o Carnaval e se arrependeu. “Foi o primeiro Carnaval que eu resolvi vender. Mas não valeu a pena, muita gente vendendo”, diz. Segundo Sebastiana ela estava tirando cerca de 50% a mais no preço da cerveja em função da concorrência. O número de ambulantes cadastrados na prefeitura passou de 1.180 em 2015 para 3.426 este ano. A criatividade ajudou na hora de vender cerveja e melhorar as vendas. O ambulante Rafael Pereira, 31, usou um carrinho de compras para acompanhar os blocos. “Aprendemos no Carnaval passado. Se você fica parado não vende, tem que acompanhar o movimento”, afirma Rafael.

Variação

Gelo.
 Ambulante Anderson Pereira reclamou da variação do preço do pacote de gelo. “Se na fábrica sai por R$ 8, mais perto do Centro achei a R$ 30. Fica difícil manter a bebida gelada”, afirma.

Motéis do Centro ficam vazios

Segundo seis motéis do Centro da capital mineira procurados pela reportagem, o carnaval não aumentou a procura pelos estabelecimentos.

“O nosso movimento tem caído desde 2014 e o carnaval deste ano não conseguiu reverter esse quadro”, lamenta da gerente do motel Signu’s, Rosângela Cortes. Para Kátia Cilene, funcionária do Sunflower, “pelo menos não houve uma queda muito acentuada como víamos no carnaval de anos anteriores”, diz. 

Boas ideias dão retorno em BH

Salgados veganos, drinks especiais, catuaba mais açaí, chup-chup de caipirinha com manjericão, são exemplos de produtos que já são bem aceitos em espaços alternativos da capital mineira e agora invadiram o Carnaval com retornos que chegam a 300%.

“Em um dia de Carnaval eu chego a vender até 500 litros de catuçaí por dia, com um retorno que vai de 300% a 350%”, conta Nandão do Catuçaí, 40, que já é conhecido nos movimentos populares da cidade. “Onde tinha movimento social eu levava o Catuçaí porque não tinha nada” conta Nandão. Hoje ele vive apenas da venda da bebida, tem uma equipe de cerca de 10 pessoas envolvidas na produção, venda e logística.

O cooperados do Olympia Coop Bar também resolveram levar para o Carnaval o lanches veganos e bebidas que fazem sucesso no espaço que fica no edifício Maletta e, segundo as cooperadas Anne Borges, 25 e Lua Maria Ambrósio, tem uma proposta feminista. Segundo a orientadora educacional Daniela Roland, 36, que também participa da cooperativa, o retorno do investimento inicial já chegava na casa de 80%. “Além do retorno financeiro eu também me divirto, gosto de vir fantasiada, não é só a grana que conta”, afirma Daniela. A proposta feminista se mantém no carrinho do carnaval. “Se vier pedir cerveja sem respeito a gente não vende”, conta Anne Borges.

Uma estudante de psicologia e teatro, que não quis divulgar seu nome, resolveu investir nesta folia em chup chup de catuçaí, caipirinha e caipirinha com manjericão. “Meu retorno foi de 150% em relação ao investimento. E eu poderia ter tido mais. Se eu tivesse produzido pelo menos 50% a mais, teria vendido”, conta. 

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