Crise hídrica

Sobretaxa gera divergência 

Municípios da região metropolitana têm posições diferentes sobre cobrança extra da Copasa

Sáb, 27/06/15 - 03h00
Ainda comum. Mesmo com apelos da Copasa, desperdício de água por caminhão-pipa foi flagrado nesta sexta em bairro de Contagem | Foto: JOIAO GODINHO / O TEMPO

A aplicação da sobretaxa da água, prevista para entrar em vigor a partir de agosto, caso a população não alcance a economia de 30% no consumo, tem dividido opiniões entre prefeituras do vetor Oeste da região metropolitana de Belo Horizonte. Os prefeitos dos municípios de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ibirité, Igarapé, Juatuba, Mateus Leme, Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Sarzedo foram chamados nesta sexta pela Copasa para o lançamento, em Betim, da campanha de mobilização social “Cada Gota Conta”, uma nova tentativa de aumentar a adesão dos consumidores dos municípios para evitar a adoção de medidas, como racionamento ou tarifa de contingência.

De modo geral, os municípios apoiam a iniciativa da companhia de reforçar o pedido de conscientização e evitar o desperdício do recurso. “Temos total interesse em ajudar a Copasa nesta iniciativa de mobilização, que a meu ver, já está atrasada”, disse a secretária municipal de Desenvolvimento Sustentável de Mário Campos, Elisangela Campos da Silva, que concorda com a cobrança da sobretaxa e a considera “uma medida radical para forçar a redução no consumo”. Já o anfitrião do evento e prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa (PSDB), se posicionou contra a cobrança da tarifa extra. “Não é possível que a população pague a conta pela estiagem e pelo desabastecimento de água. Acredito que a alternativa, neste momento, não é sobretaxar o consumo, mas, sim, firmarmos um pacto social”, opinou o prefeito. A prefeita de Juatuba, Valéria dos Santos (PMDB) informou que não compareceu ao lançamento do programa por motivos de agenda, mas que não concorda em punir os consumidores pela crise hídrica. “Acho que o consumo deve ser voluntário e consciente”, revelou.

Outro que não foi à cerimônia é o prefeito de Mateus Leme, Marlon Aurélio (PDT), por estar recebendo no mesmo horário uma comitiva da Copasa na cidade. No entanto, o secretário de Meio Ambiente da cidade, Elvis Gaia, mesmo não concordando com a aplicação da tarifa extra, disse que o esforço que está sendo feito pela redução do consumo de água é válido e necessário. “As ações de educação ambiental, recuperação de mananciais, uso consciente da água são de suma importância para mudar o hábito das pessoas e conscientizar de que a água se tornou um recurso finito, muito em função do estado de degradação que se encontram os nossos mananciais. A escassez de chuva é um dos fatores, mas, talvez, não seja o principal”, observou.

Já o prefeito de Igarapé, José Carlos Kalu (PPS), acredita que a população da capital e região não tem como escapar de pagar ainda mais caro, se não economizar o necessário para garantir abastecimento nos municípios onde se vive a restrição hídrica. “Esse é um chamado de anos e que se agravou agora, com a crise hídrica. Acredito que será necessário sobretaxar para a queda efetiva do consumo”, disse o prefeito Kalu.

As prefeituras Contagem, Sarzedo, Ibirité, São Joaquim de Bicas também foram procuradas para comentar as ações da Copasa para reduzir o consumo na região metropolitana, mas não retornaram aos pedidos da reportagem de O TEMPO. A Copasa foi procurada para informar quais são os índices de economia no consumo da água de cada uma das dez cidades do vetor Oeste da Grande BH, mas não obteve as respostas da companhia.

Economia
Betim
. A prefeitura de Betim, onde aconteceu o lançamento do programa “Cada Gota Conta” informou que o índice de redução de consumo da água na cidade é de cerca de 16,5%.

Esforço para reduzir consumo

O diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, presidiu nesta sexta o lançamento da campanha de mobilização social “Cada Gota Conta”. O representante da companhia apresentou a atual situação dos reservatórios responsáveis pelo abastecimento da região metropolitana de e o plano de mobilização social para o enfrentamento da crise hídrica.

“Além das campanhas em rádio, TV e internet, a Copasa também está mobilizando a sociedade civil. Se todos cooperarem, vamos conseguir reduzir o consumo na região e atravessar o período de seca sem o racionamento”, declarou. O presidente do Instituto Horizontes, Teodomiro Camargos, alertou para a importância da participação de todos na superação do problema. “A crise hídrica não é responsabilidade somente da Copasa, mas de toda sociedade. Devemos mudar, para sempre, a nossa relação com o líquido mais precioso da humanidade”, afirmou.

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