Dia D

Sócios definem hoje se vão salvar a Usiminas 

Recursos da Ternium e da Nippon Steel são fundamentais para alongar dívida

Por Queila Ariadne
Publicado em 17 de fevereiro de 2016 | 04:00
 
 
Dificuldade. Usiminas passa pela maior crise de sua história e pode entrar em recuperação judicial Foto: MARIELA GUIMARAES / O TEMPO

A gestão da Usiminas vai apresentar hoje, na reunião do conselho administrativo, uma proposta de renegociação das dívidas junto aos credores. A siderúrgica deve cerca de R$ 8 bilhões e, para convencer os bancos a alongarem o pagamento, tem que convencer os sócios a injetarem no mínimo metade desse valor. Segundo fontes de mercado, essa seria a alternativa à recuperação judicial. No entanto, se depender do consenso entre os acionistas, a solução vai por água abaixo.

Circula no mercado que a sócia japonesa Nippon Steel estaria disposta a ajudar. A empresa não confirma. Já a ala ítalo-argentina, da Ternium, afirma que defende os interesses da companhia e está ciente da situação financeira da empresa. “A Ternium acredita que a Usiminas precisa urgente implantar ações de melhoria de gestão para sair da crise estrutural”, destaca, via nota.

De acordo com o analista Pedro Galdi, especialista no mercado de mineração e siderurgia, os conflitos entre os sócios vão dificultar a renegociação. “A situação é preocupante, pois as dívidas da Usiminas estão vencendo nos próximos dois anos e a empresa não tem caixa suficiente para cobri-las”, afirma. Ele ressalta ainda que, sem consenso entre os acionistas para aportes, uma alternativa seria colocar ativos à venda, mas, para funcionar, isso já deveria ter sido feito há mais tempo. “A CSN conseguiu alongar sua dívida porque fez isso rápido, mas a Usiminas, talvez pela disputa entre os sócios, tenha perdido o ‘timing’”, avalia.

Na última terça-feira, a Usiminas confirmou que colocou a Usiminas Mecânica à venda. O mercado estima que essa operação gere no máximo R$ 700 milhões. “Essa venda não vai gerar nenhuma valor expressivo diante do total da dívida”, destaca Galdi.

O analista afirma que a capitalização é a melhor saída e ressalta que, mesmo colocando ativos à venda, a Usiminas enfrentará dificuldades de encontrar comprador. O mercado do aço enfrenta um dos piores momentos no Brasil.

Segundo levantamento do Instituto Aço Brasil (IABR), de janeiro de 2014 até outubro do ano passado, 60 usinas foram fechadas ou tiveram atividades paralisadas. Nesse período, mais de 122 mil trabalhadores foram demitidos. Foram adiados US$ 2,3 bilhões em investimentos, o que impediu a geração de 7.660 empregos diretos. As contas ainda não incluem as recentes 4.000 demissões anunciadas pela Usiminas com o encerramento da produção de aço na usina de Cubatão.

Estimativas

Prejuízo. A Usiminas divulga amanhã os resultados de 2015. O mercado prevê prejuízo aproximado de R$ 500 milhões no quarto trimestre, o que será a sexto trimestre seguido no vermelho.


Notícia de aporte de sócios eleva ações 



A notícia de que a japonesa Nippon Steel estaria disposta a injetar recursos na Usiminas deu um fôlego nas ações. As preferenciais subiram 4,44%, mas ainda estão abaixo de R$ 1, cotadas em R$ 0,94. Já as ordinárias subiram 10,96%, chegando a R$ 3,95. 
 
A reação também pode ser explicada por um possível acerto da diretoria da Usiminas para a renegociação de cerca de metade da dívida de R$ 8 bilhões da companhia com os bancos credores. Essa renegociação, no entanto, estaria atrelada à condição de um aporte de US$ 1 bilhão (R$ 4 bilhões) por parte dos principais acionistas.
 
Em entrevista à agência de notícias Reuters, no dia 15 de fevereiro, uma fonte ligada à Nippon teria confirmado o interesse da companhia em ajudar. A empresa, no entanto, não confirmou. Já a Ternium disse, via nota, que “a Usiminas passa por uma crise estrutural que precisa ser resolvida. Novo investimento vai apenas adiar os problemas e não atacar a causa. É uma solução de médio prazo, frágil e ineficiente”.