Negócios

Supermercado Bretas é vendido para chilenos

Valor da compra foi de R$ 1,35 bilhão e é a segunda aquisição do grupo no Brasil

Por LETÍCIA MURTA
Publicado em 15 de outubro de 2010 | 21:16
 
 
Valor da compra foi de R$ 1,35 bilhão e é a segunda aquisição do grupo no Brasil Foto: BRETAS/DIVULGAÇÃO

A rede Bretas, a maior cadeia de supermercados de Minas Gerais, foi vendida ontem para o grupo chileno Cencosud, uma das maiores varejistas da América Latina e a quarta do Brasil. A compra foi fechada por US$ 813 milhões (cerca de R$ 1,35 bilhão).

De acordo com comunicado da Cencosud, parte do pagamento será feito por meio de dívida bancária de US$ 290 milhões e o restante com o fluxo de caixa da companhia. A previsão para conclusão do acordo é em 29 de outubro. "Com essa estratégica de aquisição, a Cencosud entra nos Estados de Minas Gerais e Goiás, consolidando sua posição no setor brasileiro de supermercados", disse a empresa em comunicado ao órgão regulador de mercado no Chile

A Cencosud afirmou ainda ter expectativa de que a aquisição traga efeitos favoráveis em seus resultados. Além de Brasil e Chile, a Cencosud possui operações na Argentina, na Colômbia e no Peru. O gerente geral da Cencosud, Daniel Rodríguez, declarou ao "Valor Econômico" a importância estratégica da compra. "Para nós, o Brasil e o Peru são mercados estratégicos", afirmou.

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, o Bretas é a sétima maior rede de supermercadista do país com 62 lojas. Somente em Minas Gerais, são 45 pontos de venda. Em quantidade de lojas, o Bretas perde apenas para o Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart e GBarbosa - que também é da Cencosud.

A rede mineira tem faturamento anual de cerca de R$ 2,2 bilhões. A Cencosud entrou no mercado brasileiro em novembro de 2007 com a compra da rede GBarbosa no Nordeste do país. No meio deste ano, o grupo chileno comprou a rede de lojas de alimentos Perini em Salvador, por US$ 27,7 milhões e a rede mercadista cearense Família por US$ 33,1 milhões.

No começo do ano, rumores apontavam para a venda da rede Bretas por R$ 500 milhões para uma empresa de investimentos. Na ocasião, a rede Bretas não confirmou a informação. Em setembro, a empresa anunciou que estaria em negociação para ser vendida e que já existia um protocolo de intenções. A rede Bretas informou que prestará mais informações sobre o negócio na próxima segunda-feira. (Com agências)

Presidente do grupo fez voto de pobreza e só tem 12 camisas
O homem que está à frente do grupo Bretas, Estevam Duarte, tem parte dos lucros, que são grandes, mas não fica com eles. Há seis anos, ele e a esposa, com quem é casado há 26 anos, fizeram voto de pobreza. "Prometi não comprar mais nada para mim; hoje tenho 12 camisas e se ganhar alguma, dou de presente", contou Duarte em fevereiro. Ele mora em um apartamento alugado e dirige carro popular: um Palio.
Muito católico, ele coordena encontro de casais e paga para as pessoas resolverem seus problemas. "Existe uma terapia chamada Abordagem Direta do Inconsciente (ADI) que ajuda a pessoa a visualizar cargas negativas de gerações anteriores e tem ajudado muita gente, mais de 100 mil já foram atendidas", revela Duarte. (Queila Ariadne)

Conheça a gigante rede mineira
- O Bretas Supermercados é o maior de Minas Gerais e o sétimo do país
- A rede, que possui sede administrativa em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem 62 lojas, sendo 45 delas em Minas e as outras em Goiás e no sul da Bahia
- A empresa apresentou elevação de seu desempenho em 2,82% no ano passado ante 2008, em valores deflacionados
- A rede comercializa mais de 10 mil itens
- O Centro de Distribuição do grupo está preparado para atender até 300 lojas, cinco vezes mais que seu tamanho atual
- As lojas do grupo são padronizadas, com 3,4 mil metros quadrados de salão de vendas e 22 caixas
- Com 56 anos de mercado, o Bretas começou sua história com um armazém de 170 metros quadrados e sete funcionários em Santa Maria de Itabira, na região Central de Minas Gerais

Estrutura
Grande. O Bretas dobrou de tamanho duas vezes em seis anos e fechou 2009 com faturamento de R$ 2,1 bilhões. Além das 62 lojas, o comprador ficou também com um centro de distribuição.