Crise hídrica

Tarifa mínima pune quem se esforça para economizar água 

Piso para cobrança da Copasa é de 6.000 litros por mês e não adianta consumir menos

Qui, 23/07/15 - 03h00
Esforço não recompensado. Geraldo Teixeira atendeu apelo da Copasa para economizar água, mas está pagando pelo o que não gastou | Foto: LINCON ZARBIETTI / O TEMPO

Para 32% dos consumidores residenciais da Copasa, economizar água não tem sido uma vantagem. Pelos menos, financeiramente. Essa é a parcela dos usuários que consome até 6.000 litros por mês e que, por isso, paga uma tarifa mínima de R$ 15,94, independentemente se o volume consumido esteja abaixo desse limite, ou seja nenhum. Essa política tarifária tem desagradado e muito parte dos clientes que se dispôs a atender os apelos da companhia de saneamento e reduzir o consumo de água em, no mínimo, 30%.

Para se ter uma ideia, o aposentado Newton Lopes, 68, economizou nos últimos seis meses 53,4% de água em relação a igual período do ano passado. Dos 5.000 litros por mês, o gastos neste ano baixou para 2,33 mil litros. Mesmo assim, o total da conta continua o mesmo, apesar de todos os esforços. “Nesses primeiros seis meses, consumi cerca de 14 mil litros, mas paguei pelo consumo de 36 mil litros. Isso quer dizer que desembolsei 157% a mais do que o meu gasto real. A impressão que dá é que estou sendo punido por gastar menos água”, reclamou. Isso, sem o reajuste deste ano, que começou a ser cobrado em junho, frisou Lopes.

Na casa de Geraldo Teixeira de Mattos, na região da Pampulha, a crise hídrica na região metropolitana motivou a família a economizar mais de 50% de água nos últimos meses. Uma cisterna desativada há 15 anos voltou a ser a solução para escapar do iminente racionamento colocado pela Copasa. “Passamos a utilizar a água não tratada para lavar roupas, pisos, área externa. Estamos usando a água da Copasa o mínimo possível até chegarmos a 3.000 litros por mês. No entanto, o valor da conta veio até mais alto (por causa da tarifa mínima de R$ 15,94). Não concordo com essa cobrança”, opinou Mattos.

Casos iguais aos relatados já motivam ações na Justiça contra a Copasa. O presidente do Sindicato dos Condomínios Comerciais e Residenciais de Minas Gerais (Sindicon-MG), Carlos Eduardo Queiroz, por exemplo, processou a companhia. Mas ele não foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto.

A justificativa para essa cobrança, segundo a Copasa, é o custeio das etapas da operação e manutenção dos sistemas de abastecimento. Apesar disso, o assessor da Coordenadoria Econômica da Arsae-MG, Raphael Castanheira Brandão, admite que a política não é a melhor em termos financeiros para estimular o consumo consciente. “A agência herdou essa norma em 2006 e manteve. Mas já estudamos reavaliar essa política”, garantiu Brandão.

Corte de água
Parada.
Neste domingo, dia 26, o fornecimento de água será interrompido em alguns municípios da região metropolitana de Belo Horizonte, incluindo a capital, para obras no sistema Rio Manso. Veja a lista de bairros e cidades no portal O TEMPO (www.otempo.com.br).

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