Internacional

Tecnologia, uma área ainda pouco receptiva às mulheres 

Hoje se celebram as conquistas delas em ciências, tecnologia, engenharias e matemática

Ter, 14/10/14 - 03h00
Ada Lovelace criou o primeiríssimo algoritmo para computação | Foto: Alfred Edward Chalon/Reproduçã

São Paulo. Foi pelas mãos de uma mulher, Ada Lovelace, que o primeiro algoritmo para computador foi escrito, no século XIX. Foi ideia de uma atriz de Hollywood, Hedy Lamarr, o sistema que serviu como base para a criação do celular. Apesar de mulheres como elas terem tido papel fundamental no desenvolvimento de novas tecnologias, nomes masculinos como Alan Turing e Tim Berners-Lee são os mais reconhecidos.

As mulheres “esquecidas” pela tecnologia são um dos temas centrais do novo livro de Walter Isaacson, biógrafo de Steve Jobs, “Os Inovadores: Uma Biografia da Revolução Digital”. Lançado na semana passada nos Estados Unidos, o livro chegará ao Brasil no fim do mês pela Companhia das Letras. A obra põe mais lenha no debate sobre a diversidade na tecnologia, tema que vem sendo debatido à exaustão.

O assunto veio à tona quando o Google divulgou, em julho, um relatório sobre sua diversidade, no qual revela que apenas 30% dos seus funcionários são mulheres. O movimento foi seguido por outras empresas do setor. O Google apontou o baixo número de mulheres que se formam na ciência da computação como motivo. Mas há outras questões em jogo, como preconceito e diferença salarial.

Segundo o Censo 2010, do IBGE, as mulheres representam apenas um quarto das 520 mil pessoas que trabalham com computação no Brasil. O salário médio delas é 34% menor do que o dos homens. Por isso, a fala do presidente da Microsoft, Satya Nadella, soou tão mal: na semana passada ele disse que mulheres que não pedem aumento têm “superpoderes” e que esse é um “carma bom que irá retornar para elas”.

“Ser mulher na tecnologia é ter um holofote na cabeça. Tudo de bom e ruim que você faz, as pessoas sabem. Se você errar, não é culpa sua, é das mulheres que não servem para isso mesmo”, diz a programadora Camila Achutti, 22, diretora do Technovation Challenge no Brasil, programa global de incentivo ao empreendedorismo feminino. Camila foi a única mulher a se formar em ciências da computação na USP no ano da sua graduação.

 

Primeira programadora

Única filha legítima do poeta Lord Byron, a matemática Ada Lovelace (nascida Augusta Ada Byron, em 1815) é reconhecida como a primeira programadora da história. Foi apelidada pelo marido de Princesa dos Paralelogramos. Foi ela que impulsionou Charles Babbage, considerado o homem que deu o pontapé inicial na história da computação com seu “engenho analítico”, uma espécie de tataravó das calculadoras. Ada corrigiu os cálculos matemáticos dele. Ela não só ajudou no desenvolvimento da primeira calculadora, como escreveu o algoritmo que poderia ser usado nela para calcular funções matemáticas. O dia de hoje, em que se comemoram as conquistas das mulheres, tem o nome dela: “Ada Lovelace Day”.

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