Usiminas pode ampliar em vez de construir

Empresa estuda aumentar capacidade produtiva em Ipatinga e Cubatão (SP) para descartar fábrica no Espírito Santo.

Sex, 02/03/07 - 00h02

A ampliação das plantas de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, e Cubatão (SP), onde opera a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), pode ser a alternativa adotada pela Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) para expandir sua capacidade produtiva.

Até então, a expectativa do mercado era que a Usiminas investisse numa nova unidade em Anchieta, no litoral do Estado do Espírito Santo, aproveitando a proximidade do porto local.

Em nota, a assessoria de imprensa da siderúrgica confirmou que a ampliação das duas unidades já existentes é uma alternativa para aumentar sua produção. A decisão final cabe ao Conselho de Administração da siderúrgica.

O assunto já é debatido pela diretoria do Sistema Usiminas, que já teria inclusive um leiaute do novo desenho das duas usinas. Com a ampliação das unidades do Vale do Aço e de Cubatão, a produção da siderúrgica crescerá em 4,5 milhões de toneladas de aço bruto por ano.

Para analistas do mercado siderúrgico, essa é a alternativa ideal, bem mais do que investir em novo complexo industrial.

"A empresa precisará de um menor tempo para começar a produzir mais aço, pois não vai montar a infraestrutura do zero. Com isso, terá um menor custo para o investimento e um retorno mais rápido do montante aportado", afirmou o especialista em siderurgia e professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Germano Mendes de Paula.

Se a opção da empresa fosse pela construção de uma nova usina seriam necessários cerca de US$ 3 bilhões. Entre outras vantagens de se ampliar as unidades da Usiminas, Germano Mendes cita a maior facilidade em conseguir as licenças ambientais e em escoar a produção.

A Usiminas é cortada pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e pela BR-381. Já a Cosipa possui em sua área um porto, o que facilita as exportações.

Alto-forno
De acordo com o leiaute, seriam construídos em Ipatinga, além da terceira coqueria, do laminador e da terceira aciaria (investimentos já anunciados), o quarto alto-forno " com capacidade para 2,2 milhões de toneladas de gusa por ano " e uma quarta sinterização.

Áreas dentro da usina já estão preparadas para comportar os novos empreendimentos. Aportes semelhantes deverão ser feitos na Cosipa, que deverá elevar a sua capacidade em 2,3 milhões de toneladas.

Com isso, a capacidade instalada de produção anual do Sistema Usiminas saltaria dos atuais 10 milhões de toneladas para 14,5 milhões de toneladas, o mesmo volume projetado pelo diretor-presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, para 2015, com a entrada de uma nova usina em operação.

Unidade mineira focaria mercado interno

A idéia da Usiminas em aumentar sua capacidade de produção é produzir mais semiacabados (placas), que seriam totalmente destinados ao mercado internacional. O material é um dos carros-chefes da Cosipa.

"Seria economicamente mais viável promover uma substancial ampliação nas duas usinas, pois teria um grande aproveitamento de sinergias", explicou o consultor e especialista em siderurgia, Francisco José Schettino.

De acordo com Schettino, conselheiro da Usiminas no início dos anos 90 e diretor-presidente da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) até a sua privatização, em 1997, a Cosipa poderia exportar toda a sua produção, ao passo que a Usiminas se concentraria em fornecer o aço exclusivamente ao mercado doméstico.

A usina paulista já iniciou as obras de dragagem para ampliar o calado de seu porto, com o objetivo de ampliar o volume de exportações.

A média atual do Sistema Usiminas é exportar 30% da produção e comercializar os 70% restantes no mercado interno. Os investimentos da Usiminas já foram motivo para várias reuniões entre a diretoria do grupo siderúrgico e os governos de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. (FD)

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