Reversão

Usiminas sai do vermelho após 11 trimestres de perdas

Após prejuízo de R$ 195 milhões em dezembro, empresa lucra R$ 108 milhões

Por Queila Ariadne
Publicado em 21 de abril de 2017 | 03:00
 
 

Depois de 11 trimestres de prejuízos consecutivos, a Usiminas registrou lucro de R$ 108 milhões de janeiro a março de 2017. Há um ano, a siderúrgica, que protagoniza a maior disputa societária do Brasil entre os sócios japoneses e italianos, registrava perdas de R$ 151 milhões e, no último trimestre do ano passado, ainda estava no vermelho, com prejuízo de R$ 195 milhões. De acordo com o presidente da companhia, Sergio Leite, o quadro foi revertido a partir da redução de gastos, enxugamento de pessoal e reajuste de preços. “Esse resultado positivo é fruto de um trabalho intenso de equipe”, destacou.

Segundo Leite, de abril de 2016 até março deste ano, o custo da mão de obra sobre a receita líquida caiu de 13% para menos de 10%. O fato de a receita ter crescido 15% em relação ao mesmo período do ano passado ajudou na queda proporcional dos gastos com mão de obra.

Entretanto, os esforços para cortar gastos administrativos também tiveram peso importante. “No início do ano passado, tivemos a redução de 2.300 funcionários em Cubatão, depois reduzimos a estrutura gerencial em 20%”, afirmou.

Para ampliar a receita, as ações foram baseadas em busca de descontos junto a fornecedores e reajustes de preços para os compradores, que se dividem em três grupos: automotivo, indústria de transformação e distribuição. “Negociamos com nossos fornecedores para reduzirmos os custos. E praticamos aumentos de 50% para o setor da distribuição e de 25% para as montadoras. “A indústria atravessa um momento delicado, então buscamos um ponto de equilíbrio”, disse.

Em relação ao último trimestre, os investimentos caíram 65,3%, chegando a R$ 23 milhões.
O executivo ficou fora da presidência entre outubro de 2016 e março deste ano, quando o posto foi reassumido por Rômel Erwin de Souza. Leite saiu da presidência em outubro do ano passado, após a Nippon Steel conseguir na Justiça a anulação da sua eleição, mas permaneceu como diretor. Ele voltou no fim de março, após o Conselho de Administração destituir Souza sob acusação de descumprimento do estatuto. A Nippon tenta, na Justiça, reverter a situação.

“O que eu posso dizer é que eu sou um profissional de carreira, tenho boa relação com os dois grupos (Nippon e Ternium) e sempre defendi o trabalho em equipe, equilibrando as três forças: trabalhadores, japoneses e italianos”, afirmou Leite.

Cade barra aumento de poder da CSN

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) negou pedido da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para aumentar a atuação como acionista da Usiminas. A CSN é dona de 15% das ações ordinárias e 19% das preferenciais, mas tem limitações para participar, indicar candidatos aos conselhos de administração e fiscal da Usiminas, além de não poder votar na assembleia geral convocada para 27 de abril. A CSN havia pedido ao Cade que flexibilizasse essas condições. (Da redação)