Assédio

Vale da Eletrônica “for sale”  

Investidores estrangeiros compram empresas em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas

Por Helenice Laguardia
Publicado em 01 de junho de 2015 | 03:00
 
 
Brilho. Para o presidente do Sindvel, Roberto de Souza, Santa Rita do Sapucaí é uma fábrica de fábricas Foto: Sindvel / Divulgacao

O Vale da Eletrônica – onde estão instaladas 153 empresas de várias tecnologias – em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, tem sido alvo de empresas de capital estrangeiro em busca de aquisições. “Para 2015, já temos cinco empresas em negociação de venda, mas isso não para por aí. Em 2016 e 2017 essa tendência continua. E todo ano abre uma companhia vinda das incubadoras do Vale”, explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto. Alegando questão de ética e logística do negócio, Souza prefere não divulgar os nomes das companhias em processo de venda.

Mas, há cerca de 60 dias, e depois de um ano de negociação, a italiana The Nice Group, de automação residencial e iluminação, fundiu-se com a mineira Genno Alarmes, que está há mais de dez anos no mercado. A Genno é especializada na fabricação e industrialização de equipamentos na área de segurança eletrônica predial residencial e para casas.

Com exportações para México, Paraguai, Venezuela e outros países da América Latina, o diretor comercial da Genno, Ricardo Borges, conta que as vendas externas representam 5% do faturamento. “Mas a expectativa é que esse percentual chegue a 13% com a fusão, já que também poderemos atender os 143 países onde a empresa tem relações comerciais,” afirma.

A italiana The Nice Group planeja investir cerca de R$ 20 milhões na criação de um centro de tecnologia em Santa Rita do Sapucaí. “Em 2014, crescemos 30% exportando sistemas de automação integrados para União Europeia, Austrália, China, Índia, África do Sul e Estados Unidos, e, agora, o nosso foco é a América Latina”, conta o vice-presidente para a América Latina, Roberto Griffa, em nota.

Gestão. Para o presidente do Sindvel, existem mais de 50 empresas do porte da Genno na cidade, e outras corporações internacionais estão de olho nelas. “A compra é devida ao padrão da empresa, que chegou a um status em que ganha visibilidade e entra na mira de investidores com a chance de crescimento”, explica Souza.

Sobre valores, Souza conta que as empresas recebem ofertas irrecusáveis. “Se não vender, e para enfrentar gigantes no mercado, o empresário precisa buscar financiamento. Então, vêm os grandes investidores e ele não precisa se endividar, além de ficar com um bom dinheiro no bolso e continuar como o cérebro da empresa que criou”, explica. 

Aquisições
Marcas.
Na história do Vale da Eletrônica, outras empresas saíram das mãos dos mineiros: a Linear, de aparelhos de radiodifusão; a Maxcom, focada na área de telecom; e a 3J, empresa de eletrônica da medicina que nasceu numa incubadora.