Rentabilidade

WhatsApp fornecerá telefone de usuário para o Facebook

Empresas pagarão para interagir com clientes no app

Sex, 26/08/16 - 03h00
As fraudes mais comuns têm sido os leilões virtuais de automóveis, a clonagem de WhatsApp; e o roubo de perfil de redes sociais | Foto: Lincon Zarbietti

SÃO PAULO. O WhatsApp atualizou nessa quinta-feira (25) seus termos de uso do serviço, em uma preparação para os serviços pagos, voltados a empresas, que a companhia deve começar a testar ainda neste ano. Você poderá receber as informações do status de voo das próximas viagens, um recibo de algo que adquiriu ou uma notificação quando uma encomenda for entregue, por exemplo, detalha o novo texto.

Esses são alguns dos serviços em estudo pelo aplicativo para sua versão corporativa, anunciada em janeiro deste ano. A ideia é que companhias paguem para se relacionar de modo mais efetivo com os clientes pela plataforma.

Matt Steinfeld, diretor de comunicações do WhatsApp, disse à reportagem que a mudança nos termos de uso era necessária para o início dos testes do serviço, que vai fazer a companhia voltar a gerar receita – neste ano, o WhatsApp parou de cobrar a taxa de US$ 1 anual dos usuários. “Temos trabalhado nisso nos últimos meses, mas ainda é cedo para anunciar algo sobre como vai funcionar”, afirma.

A companhia também mudou os termos para deixar claro que hoje faz parte do Facebook, e que compartilha alguns dados sobre seus usuários com a rede social. O WhatsApp começará a compartilhar números de telefone de seus usuários com o Facebook. Com a novidade, milhares de empresas devem ganhar acesso ao um bilhão de usuários do serviço e poderão passar, por meio do WhatsApp, mensagens que, atualmente, enviam por SMS.

A partir de agora, o Facebook pode, por exemplo, começar a fazer sugestões de amizade ao usuário com base nos contatos que ele mantém no app de mensagens (para isso, é preciso que ele tenha cadastrado seu número de celular na rede social). 

Anúncios. Steinfeld nega que os dados de atividade da pessoa – por exemplo, se ela interage com determinadas empresas no mensageiro – serão usados para exibir anúncios no Facebook. Os termos de uso, entretanto, dizem que você poderá escolher não ter os dados da sua conta do WhatsApp compartilhados com o Facebook a fim de melhorar suas experiências com anúncios e produtos no Facebook. 

O monitoramento de hábitos do usuário, o que permite oferecer anúncios mais personalizados, é um dos principais fatores para o sucesso comercial do Facebook, que faturou US$ 6,24 billhões com publicidade apenas no segundo trimestre, um aumento de 63% em relação a 2015. O novo texto diz que o WhatsApp vai continuar sem exibir banners com anúncios para as pessoas. Quando o Facebook comprou o WhatsApp, em 2014, seu fundador, Jan Koum, disse que o negócio não afetaria a política de privacidade do aplicativo.

Números

US$ 22 bilhões foram pagos pelo Facebook ao WhastApp
US$ 6,24 bilhões: lucro do Facebook com anúncios no trimestre
63% alta no lucro com publicidade em relação a 2015

Polêmica

Mudança explica a nova criptografia

São Paulo. Outra mudança nos termos de uso do WhatsApp diz respeito à criptografia e a quais dados sobre os usuários o aplicativo diz ter acesso – tema controverso e que já levou o aplicativo a ser bloqueado no Brasil três vezes, pelo fato de a empresa não liberar informações para investigações judiciais.

Os trechos explicam que o aplicativo usa criptografia ponta-a-ponta nas mensagens. Com isso, apenas as pessoas na conversa podem ler as mensagens. O sistema, que terminou de ser implantado em abril, provoca polêmica por impossibilitar que policiais e promotores monitorem conversas de investigados por crimes, por exemplo.

Matt Steinfeld, diretor de comunicações do WhatsApp, Steinfeld afirma que o objetivo principal de esclarecer o tema nos termos de uso é informar os usuários sobre o assunto, mas reconhece que também serve de recado a autoridades. “Temos tido um trabalho de explicar para elas como funciona o sistema”, diz.

Perfis vão permanecer anônimos

São Paulo. A nova política de privacidade inclui o número telefônico usado no Whatsapp num banco de dados já existente, no qual os usuários permanecem anônimos. A partir dele, anunciantes selecionam seus públicos para anúncios e mensagens. A colaboração com o Facebook torna usuários do Whatsapp alvo de anunciantes, da mesma forma que os da rede social são. “As mudanças nos termos de uso são positivas e deixam pontos controversos mais claros”, avalia Adriano Mendes, advogado especialista em direito digital.

 

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