O senhor concorda que haja uma oposição ao papa Francisco? Sim. Esses grupos já começam a manifestar seu desconforto com a linha de opção pelos pobres do papa Francisco e sua iniciativa de reformar a Igreja Católica – a começar pelo próprio papado – livrando-a do caráter monárquico.
Quem está nesses grupos de oposição ao papa? Eles representam cardeais, bispos, padres, religiosas e fiéis que, nas últimas décadas, abraçaram uma Igreja descolada da realidade social, voltada para a tradição litúrgica e doutrinária, uma Igreja que não admite fim do celibato obrigatório, ordenação de mulheres e debate de temas como aborto e homossexualidade.
Por que o papa incomoda os grupos conservadores? Porque não reza pela cartilha do papa Bento XVI, é latino-americano e, portanto, não é eurocentrado. Ele também não valoriza movimentos espiritualistas que insistem em uma Igreja adaptada ao capitalismo, sem senso crítico e atuação política.
Esse combate é velado? Sim, porque na Igreja se procuram evitar escândalos. Mas ele se manifesta por artigos, pela ausência de representantes de movimentos fundamentalistas nos atos de que o papa participa, por pressão sobre o Vaticano.
Com quais forças conta essa direita? O lobby dela é forte, conta com a grande mídia e o poder do dinheiro.
Quais pontos do pontificado serão mais desafiadores? Reformar a Cúria Romana, acabar com as nunciaturas apostólicas, implementar as decisões do Concílio Vaticano II.
Como ele pode reagir à oposição e o que pode fazer para rebater esses grupos? Reforçando o lado da Igreja que se identifica com as Comunidades Eclesiais de Base e a Teologia da Libertação; abrindo espaço para debater temas da teologia moral; pondo em prática o que o Concílio Vaticano II decidiu.
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